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Agnelo espatifa o avião no céu; e Rollemberg precisa ter voo seguro

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Todo início de governo, para quem vence as eleições, parece ser céu de brigadeiro. A sensação da vitória é sempre embriagante e inclui o espocar de champagne a bordo para a tripulação que comandou o voo. Em seguida, depois de alguns sustos durante o trajeto, um pouso sorridente. Mas a tripulação terá que embarcar novamente para novas rotas. E o próximo decolar pode encontrar uma cumulonimbus pela frente e ser tarde para corrigir o destino.

Em entrevista ao Jornal de Brasília desta segunda 27, Agnelo Queiroz faz breve reflexão sobre a surpresa de ter encontrado em seu segundo embarque rumo ao Buriti, uma cumulonimbus repleta de gelo, raios e trovoadas, quando a visibilidade era zero.

Afirmou: “Eu tinha que dar uma atenção maior a nossa comunicação e não achar que é só fazer que virá o reconhecimento. Nessa parte eu falhei. Deveria ter feito mais com as mídias alternativas, porque algumas partes da mídia não tinham interesse de mostrar as coisas boas que fizemos para a nossa cidade. Esse foi um erro grave. O outro foi característica minha, pessoal. Por eu ser um médico e só pensar em fazer, me dedicar e não preocupar em mostrar, mais preocupado em melhorar a vida da nossa população.

Consciente, reconhece que não teve preocupação em dizer o que estava fazendo à população em decorrência de seu próprio perfil. Faz referência a uma comunicação institucional falha, incluindo o desprezo pelos pequenos e médios veículos. Mas quem chega ao posto maior do DF, se não tem perfil para estabelecer uma comunicação eficaz, com profissionais que saibam dizer a verdade com propriedade, vai enfrentar as agruras dos céus.

Talvez ele tenha ignorado os inúmeros artigos publicados com muita antecedência (inclusive por Notibras) que chamavam a atenção sobre o assunto e previam um voo de retorno ao Buriti em condição de risco.

Estavam certos os comentaristas, mesmo quando Agnelo substituiu tardiamente a sua equipe de comunicação que não foi capaz de reverter os motores nem evitar a entrada desorientada na pior nuvem que encontrou. Mas é simplista admitir que apenas o desprezo pelos pequenos veículos de comunicação foi responsável pela desagradável surpresa.

Esse fenômeno já aconteceu antes e no mais emblemático estava a bordo Cristovam Buarque que, ao contrário de Agnelo, recebeu da população mais de 80% de aprovação, antes de cair sobre ele a máscara de oxigênio. Mas a tripulação de sua aeronave cometeu o mesmo erro e ela voltou aos pedaços para o solo.

A comunicação é composta por uma cadeia de recursos e não está restrita a uma permanente e franca relação com a imprensa, muito menos com os milhões gastos em TV e rádio e outras mídias, incluindo os pequenos veículos. Todo evento é uma oportunidade de aproximação com a população e um cerimonial bem aparelhado é fundamental para gerar conhecimento de suas ações.

Os eventos devem ser públicos e organizados produzindo a sensação de participação do cidadão. O eleitor precisa ver. Além disso, a comunicação prévia com seus pares e aliados sobre os projetos e ações que pretende empreender é indispensável. Não basta a mera distribuição de cargos e órgãos se esse contingente aliado não sentir responsabilidade sobre o sucesso do governo.

O Buriti de Agnelo ignorou isso sumariamente e seu superbloco da base não era autorizado a realizar quaisquer iniciativas que valorizassem sua gestão. Só o PT tinha o manche. Faltou endomarketing, empolgar de dentro para fora, e não faltavam pessoas dispostas a embarcar.

Achar que a centralização é uma forma de reter o poder é um erro grave, como ficou provado. Se administrar o poder é a arte de correr riscos, confiar faz parte da regra: ofereça confiança e receberá confiança. Pelo menos em tese e a exemplo de governantes que sempre adotam esse formato e são bem sucedidos.

Por outro lado, as críticas são permanentes e o responsável pela imprensa deve ser pró-ativo, deve dar respostas imediatas, convincentes. Deve prever ataques e oferecer a razão como resposta. Por mais que acredite ter decolado suas obras, Agnelo não convidou seus pares para o portão de embarque.

Rodrigo Rollemberg percebeu, como tantos outros observadores, que na trajetória de Agnelo havia uma enorme cumuloninbus e adotou uma rota paralela, escolheu uma tripulação a quem confiou seu voo e pousou tranquilo.

As lições de Agnelo e Cristovam podem nortear a estadia de Rollembergno Buriti. É só examinar cuidadosamente o mapa, escolher muito bem sua tripulação e confiar nela, ainda que no percurso seja obrigado a jogar alguém de paraquedas de volta ao chão. E que não seja tarde.

Agora é só reapertar os parafusos, reabastecer a aeronave e embarcar. O tempo está muito favorável. E não esquecer a comunicação integrada na esteira…

Max de Quental

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