Em time que está ganhando...
Desculpa aí, Carol, mas Arruda Panetone não é páreo para Celina Leão
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Notibras é sinônimo de liberdade de expressão. Nem nossos colegas mais valorosos, como Carolina Paiva, Editora do Quadradinho em Foco, é alvo de censura; o mesmo acontece com estagiários – os ‘focas’ em início de carreira -, e até mesmo colaboradores que assinam textos nas mais diferentes editorias. Esse ‘nariz de cera’ serve para lembrar à Carol – que ingressou no jornalismo por minhas mãos e por quem tenho carinho e admiração -, que é pouco provável ver José Roberto Arruda (PL) e Paulo Octávio (PSD) juntos para voltarem a governar a cidade.
Já imaginaram a repetição diária na campanha eleitoral da cena em que Arruda aparece recebendo maços de dinheiro das mãos de Durval? Por certo, os panetones estarão mofados. Essa corrupção explícita, registre-se, levou à cassação sumária de Arruda e logo depois à renúncia de Paulo Octávio.
Dito isso, sigo com meu raciocínio. É notório que em time que está ganhando, não se mexe. A máxima, emprestada do futebol, serve com perfeição à política de Brasília. No caso da sucessão ao Palácio do Buriti, o treinador — ou melhor, o eleitor — dificilmente vai trocar o esquema tático que vem dando resultado.
O governador Ibaneis Rocha (MDB), após dois mandatos firmando seu estilo conciliador e pragmático, prepara-se para subir de divisão: vai disputar uma vaga no Senado, deixando o campo aberto para a vice-governadora Celina Leão (PP), sua aliada e herdeira natural do projeto político.
Celina não é apenas reserva de luxo. É a carta na manga que o grupo governista guarda para manter o controle do jogo. Com o centro e o centro-direita ao seu lado, a vice-governadora reúne o que há de mais sólido na engrenagem administrativa e eleitoral do Distrito Federal. A oposição, por sua vez, assiste de longe, sem conseguir armar uma jogada consistente.
No PT, o cenário é de disputa interna. Como diz o ex-deputado Geraldo Magela, mesmo sabendo que ao fim da apuração o candidato petista sairá cabisbaixo, até para a sua escolha é preciso que haja prévias dentro da legenda. É o ritual democrático da esquerda, ainda que a arquibancada saiba o resultado antes do apito inicial.
Enquanto isso, o restante do campo progressista — PSB e PDT à frente — parece mais interessado em medir quem somará menos votos do que em apresentar um projeto viável. Bate cabeça é pouco para definir uma situação onde falta fôlego, falta narrativa e, principalmente, falta unidade e um candidato capaz de empolgar o eleitorado.
De um lado, portanto, está a máquina governista, afiada e disciplinada, com Celina Leão à frente de uma frente partidária ampla, disposta a atropelar candidaturas aventureiras, particularmente aquelas que tentam descer de paraquedas na capital e se autoproclamam “a nova política”. Do outro, uma oposição fragmentada, perdida entre egos e intenções, incapaz de convencer até mesmo os seus militantes mais fiéis.
Se o jogo continuar como está, a sucessão de 2026 no Buriti tem tudo para repetir o placar das últimas eleições. A vitória será com folga, o pragmatismo será mantido em campo e a oposição estará nas cordas. Afinal, em Brasília, como no futebol, quem tem time entrosado não troca o elenco. Apenas reforça o banco, para garantir o sucesso que vem sendo coroado há quase oito anos.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
