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Entrevista/Paulo Marinho

‘Deus colocou a mão duas vezes em Bolsonaro’

Publicado

Autor/Imagem:
Pretta Abreu

O empresário Paulo Marinho interpretou à sua maneira, noite desta terça, 17, no programa Em Foco com Andréia Sadi, da Globonews, o sucesso de Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado. Políticos que assistiram a entrevista concluíram que, na visão de Paulo Marinho, o presidente teve duas vezes as mãos de Deus sobre ele. A primeira, foi quando o então candidato ao Planalto recebeu uma facada, durante campanha no interior de Minas. Depois, com a abertura das urnas, garantindo a vitória no segundo turno.

Depois do ataque na cidade mineira de Juiz de Fora, recordou Marinho, ele foi visitar Bolsonaro no hospital. Lá, ouviu que não precisavam fazer mais nada, porque a eleição estava ganha. ‘Agora é esperar para receber a faixa presidencial’.  Marinho cedeu a mansão dele no Jardim Botânico, no Rio, para Bolsonaro realizar reuniões antes, durante e após a campanha. Hoje, porém, estão afastados.

“Não vejo o capitão (como ele se refere ao presidente) desde a transição”, afirmou o empresário. Isso foi logo após a vitória nas urnas. Afastados, Paulo Marinho seguiu seu rumo. Ele é suplente de Flávio (o filho senador de Bolsonaro) e acaba de assumir o comando do PSDB no Rio de Janeiro.

Se a correnteza ajudar – e a mão de Deus não for estendida pela terceira vez para o presidente hoje apelidado de Pedro por antigos aliados -, Marinho será um dos coordenadores da campanha do tucano João Doria, governador de São Paulo, ao Palácio do Planalto em 2022. Antes, porém, admite, o PSDB precisa mostrar força nas eleições municipais do próximo ano.

O projeto 2022 começa a ser montado. Conta com importantes figuras representativas do PIB brasileiro e mesmo de ex-aliados de Bolsonaro, como Gustavo Bebianno, demitido da Secretaria-Geral da Presidência da República ao fim de um longo processo de ‘frigideira’, provocado por Carlos, outro filho de Bolsonaro, vereador no Rio.

Leia trechos da entrevista:

‘Agora a gente não precisa fazer mais nada. Só esperar que a eleição está ganha’. Esta, sem dúvida, segundo Paulo Marinho, era a consciência do próprio capitão Bolsonaro na ocasião. A primeira visita que fiz a ele no hospital [Albert] Einstein, ele disse: olha, agora a gente não precisa fazer mais nada”.

Após o atentado, Bolsonaro se recusou a participar de debates, cancelou agendas públicas e só fez aparições em transmissões pelas redes sociais, justamente por entender que a derrota estava fora de cogitação.

O espaço na mansão do Jardim Botânico, antes destinado a gravações e reuniões de Bolsonaro, agora está destinado ao PSDB. Na campanha do ano passado foi montada uma mega-estrutura para segundo turno. Apesar de uma boa equipe de profissionais e equipamentos de linha, não foram produzidas peças publicitárias para desconstruir outras candidaturas.

Ainda na pré-campanha, recordou Marinho, “éramos conhecidos como um grupo de loucos que queria eleger o capitão”.

Sobre uma suposta ‘síndrome da conspiração’ enraizada na família de Bolsonaro, o empresário acredita que esse temor ganhou força após o atentado em Minas Gerais, na facada que mudou os rumos da campanha.

Bolsonaro, avalia Paulo Marinho, é mais conservador do que o Brasil, E representa uma minoria. Ainda no campo do conservadorismo, ele frisou que Olavo de Carvalho só apareceu após o resultado das eleições. Ele sublinhou que não compõe o grupo intimo da família Bolsonaro, evitando, assim, comentários sobre supostas ingerências dos filhos no governo, em especial sobre conflitos de Eduardo, Flávio e Carlos com os militares.

Uma eventual candidatura à reeleição pode acontecer. “O capitão sempre disse que não disputaria um novo mandato, mas as pessoas mudam”, afirmou Paulo Marinho. O empresário teceu elogios aos ministros Sérgio Moro (‘um herói nacional’) e a Paulo Guedes, considerados por Paulo Marinho as âncoras do governo Bolsonaro.

Pinceladas: 1. Não me afastei do Bolsonaro; meu papel como apoiador se encerrou no último dia da campanha. 2. Não tenho motivos para ficar magoado; tenho meu apreço e espero dele um bom governo, porque o Brasil precisa disso. 3. O PSDB precisa acabar com a pecha da corrupção; os cardeais tucanos precisam enfrentar isso e limpar o partido. 4. Grande parte da bancada do PSL dificilmente será reeleita em 2022. 5. Doria é um político de centro; precisa fazer um bom governo para se cacifar para 2022, mas precisa alavancar o nome dele para extratos mais pobres da sociedade. 6. A bola da vez é eleger prefeitos em 2020 para depois pensar em 2022. 7. O PSDB vai eleger o próximo prefeito do Rio. 8. Doria e Rodrigo Maia (presidente da Câmara) são os grandes responsáveis pela aprovação da reforma da Previdência.

 

 

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