Fim do mito
Deus contraria Bolsonaro e tiro que saiu pela culatra está chegando na jugular
Publicado
em
Nunca na história deste país a expressão “cada enxadada uma minhoca” teve tanto significado quanto agora. A divulgação do último relatório da Polícia Federal confirma tudo aquilo que já era evidente, a começar pela definitiva queda da máscara da falsa humildade. Cada nova revelação da PF significa a derrubada de mais um grupo de mentiras contadas por Jair Bolsonaro aos ministros do Supremo Tribunal e aos incautos da Avenida Paulista e da orla de Copacabana.
Ou seja, por mais que tentemos encontrar algo sério, nada do que diz o ex-presidente deve ser levado em consideração. Por exemplo, como um cidadão que se apresenta como um pobre coitado conseguiu movimentar R$ 30 milhões entre 2023 e 2024. É a tal história bíblica sobre o declínio da falsidade diante da verdade. Entre as mentiras que menos colaram, a do golpe que não foi golpe permanece sendo repetida nos principais salões da desesperançosa e cada vez mais perdida trupe bolsonarista.
A mais aguda delas já teve resposta. Na verdade, terá em breve, mais precisamente a partir do dia 2 de setembro. Em uma de suas bravatas para aquele público que ama os bravateiros, Jair Bolsonaro, do alto de um trio elétrico disse que só seria preso se Deus quisesse. Pois Ele quer. Tanto que, faz pouco mais de uma semana, determinou agendamento ao ministro Alexandre de Moraes. Pelo volume do processo e o acúmulo de denúncias, tudo indica que seu futuro serão mesmo as quatro linhas da Constituição. Deve ser o início do fim do mito.com.br.
Se a ideia do clã era colar em Donald Trump para desestabilizar e derrubar Luiz Inácio, o tiro saiu pela culatra. Começando pelo tarifaço, cuja proposta era levar o Brasil ao fundo do poço, nada deu certo. Ou deu certo pela metade. Tardiamente, boa parte dos simpatizantes das loucas teses do Jair já percebem que Donald Trump tem data de validade, que os extraterrestres não virão, que o PIX não será taxado pelos EUA e, principalmente, que todas as maldosas tentativas contra Lula acabaram caindo como uma luva nas mãos do presidente candidatíssimo à reeleição.
Embora as chances de reversão no julgamento do STF sejam três ou quatro vezes menores do que zero, ainda há quem acredite que as orações estridentemente lamuriosas de Silas Malafaia convencerão Alexandre de Moraes da inocência de seu amigo de ocasião. Reitero que a temporada de caça aos ex-caçadores do poder está próxima. E de nada adiantarão eventuais novas ameaças do laranjão norte-americano à economia ou à política do Brasil varonil, livre, independente e soberano.
Para registrar, depois de um apoio inédito de latinos à candidatura vencedora de Donald Trump, os imigrantes e descendentes de estrangeiros residentes nos Estados Unidos mudaram rapidamente de ideia. Com a imagem em queda livre, o líder republicano talvez chegue ao fim de seu governo mais sujo do que pau de galinheiro das granjas lideradas por vivíparos cegos e desmamados por conta da derrota bolsonarista. Tomara que, após o julgamento da provável prisão de Bolsonaro, o povo se conscientize e assuma de vez a responsabilidade de não permitir que a mentira, a canalhice e as fake news ocupem o espaço da verdade. Recado dado.