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Craques da bola

Djefferson é na piscina; no campo, o loco é Abreu

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Há alguns anos, minha então filha mais nova, hoje a do meio, e eu estávamos brincando em uma piscina. Minha esposa começou a jogar uma bola para a gente. Em uma dessas, não sei por que, gritei: “Djefferson!!!”. Sim, isso mesmo. Não foi “Jefferson”, mas a referência, obviamente, foi a do então goleiro do Botafogo. Creio que foi a empolgação do momento, pois tive que me esticar todo para fazer uma defesa e, por isso, acabei colocando um “D” intrometido.

Ao contrário do meu alter ego, o Jefferson sempre me pareceu ser o goleiro mais econômico que já vi. Nem sei se chamá-lo de econômico seja o adjetivo mais adequado. Seja como for, o Jefferson jamais foi espalhafatoso como, por exemplo, o Paulo Sérgio, que também jogou no Botafogo no início dos anos 1980. Este sim fazia umas pontes tão plásticas, que mereciam ser pintadas pela Tarsila do Amaral. Era muito bonito de se ver! Já as defesas do Jefferson sempre me pareceram aquelas de um goleiro de 25 anos jogando em um time de crianças. Isso porque ele sempre me deu a impressão de que aquilo era extremamente fácil para ele, que sempre considerei bem maior que o próprio gol.

Provavelmente, você deve pensar que eu errei ao gritar “Djefferson”, pois o lógico para muitas pessoas seria gritar “Paulo Sérgio”. Não que o Paulo Sérgio não merecesse tal homenagem nas minhas horas de lazer. Mas é que talvez eu tenha o alter ego muito gigante e não poderia deixar de exaltar as qualidades do maior goleiro que já vi.

Meu pai, certamente, não concordaria comigo, pois, apesar de vascaíno, sempre considerou o Manga o maior dos maiores. E olha que meu pai era fã do Barbosa! Posso concordar em parte com meu pai. Afinal, o Manga faz parte dos anais do Botafogo, está eternamente gravado na memória do clube. Aliás, o Manga já jogou muito no meu time de botão, mas nessa época não existia o Jefferson. Se eu fosse ter um novo time hoje, o Manga teria que esquentar no banco. Mas também entraria de vez em quando, pois as contusões também acontecem entre os botões. Se você discorda, creio que nunca jogou.

Voltemos ao lúdico dia na piscina… Minha filha também aderiu à brincadeira e começou a gritar “Djefferson” a cada defesa. Minha esposa ria disso tudo. Ela, que me conhece muito bem, percebeu o tal “D” a mais, que, a cada nova ponte, ficava ainda mais sonoro. Tenho até uma pontinha de certeza de que ela queria esgoelar um “Djefferson”, mas ela é meio contida e não gosta de enaltecer jogadores de outros times: ela é palmeirense. Mas acredito que ela gritava por dentro “Djefferson”, tamanha a deliciosa diversão que estávamos vivendo na piscina.

Apesar desse lapso temporal, qualquer defesa que faço continua merecendo um “Djefferson”. Se a minha esposa me joga uma chave e eu consigo pegá-la no ar, já sai um “Djefferson”. Qualquer objeto que consigo agarrar, dou um “Djefferson”, mesmo que seja apenas em pensamento, pois nem sempre dá para ficar gritando, especialmente em locais públicos. Com certeza, as pessoas ficariam espantadas, provavelmente me chamando de louco. Mas, pensando bem, Loco é o Abreu.

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