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Mentira patológica

É hora do povo acordar para evitar a criminalização da política

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto de Arquivo

Quem mente uma vez, mente duas, mente três. E, quando menos se espera, ele mente outra e outra vez. Foi assim com o ex-presidente e atual presidiário Jair Bolsonaro. Ele mentiu tanto que a maioria dos brasileiros deixou de acreditar em suas verdades. E tem sido assim com os representantes da direita, principalmente com os da extrema-direita. Dizer que são o que não são e jamais serão é um problema denominado mentira patológica, aquela que o mentiroso usa para fantasiar fatos e manipular incautos.

Cada vez mais pendular, para não dizer claudicante ou mentirosa, a direita brasileira não se emenda. A pretexto de combater com mão de ferro as barbáries do Comando Vermelho, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, ordenou recentemente a chacina dos complexos da Penha e do Alemão, com 121 cadáveres. Desde então ele está na berlinda, ora como fiador da matança, ora como salvador do povo das favelas. Para quem acompanhou o ocorrido, apenas uma das hipóteses é verdadeira e, obviamente, comprometedora.

Esta semana, Castro arrumou uma dor de cabeça chamada Rodrigo Bacellar, o deputado acusado de repassar informações sigilosas para os faccionados do Comando Vermelho. Bacelllar foi solto após a Assembleia Legislativa o avaliar como quase santo. Como quem se mistura com porco, farelo come, o governador, que é candidato ao Senado em 2026, terá de explicar a seus supostos eleitores a razão pela qual o Executivo fluminense preferiu conviver e, às vezes, até negociar com o crime organizado. A tarefa não será das mais fáceis, pois, junto com Bacellar, Castro já responde a um processo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral.

Dizem as boas línguas que o bicho pegou para Rodrigo Bacellar, consequentemente para o governador. Entretanto, a jurupoca pode começar a piar tão logo o também presidiário Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, aceite a colaboração premiada em análise conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Aí a casa deverá cair de vez. Tido como elo do Comando Vermelho, representado pelo ex-deputado TH Jóias, com a política local, Índio está em Bangu 1, depois de quatro meses recolhido no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Ainda que ralas, as barbas de Bacellar e de Castro estão de molho há dias. Ou será por causa do Dias. As fagulhas de uma possível delação de Índio do Lixão certamente irão tostar boa parte do primeiro escalão da política do Rio. Aguardemos! Igual à dos demais estados governados por extremistas, a triste realidade do Rio é a prova de que, antes de medir força com o antagonista ideológico, o povo carioca, fluminense e brasileiro precisa se unir para derrubar quem não tem qualquer preocupação com as mazelas do país e da população.

Em lugar de negligenciar o voto, de matar quem pensa diferente e de eleger mais e mais corruptos, os eleitores que votam em qualquer um deveriam ter mais atenção com a célere criminalização da política nacional. Mesmo do túmulo, o falecido comediante e apresentador Jô Soares até hoje é lembrado pela frase que sintetiza a necessidade de escolhermos melhor os nossos representantes: “A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa”. Uma pena, mas, no país da mentira, eis uma assustadora verdade. Acorde, meu povo heroico. Ouça o brado retumbante. Dos filhos deste solo, os devotos da democracia são maioria. Vamos que vamos!

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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