O “Eu” e o Outro
Edna Merola faz análise minuciosa de textos de Rosilene Souza
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O “Eu”, em Rosilene Souza, se apresenta como o ser que capta o exterior pelos sentidos físicos, num tempo presente, e constrói imagens internas, conforme se lê em:
Gosto do cheiro da chuva
em uma t(ar)de de verão.
Do folhe(ar) da imagin-ação
Do despert(ar) da cri-ação
(Rosilene Souza Quem vive sem gostar sabe sabor do desgostar – Notibras)
Trata-se de um “Eu” que se compraz, pelo sentido auditivo, conforme se lê em:
Gosto
da melodia em moviment-ação
a distribu(ir) ondul-ações.
(Rosilene Souza Quem vive sem gostar sabe sabor do desgostar – Notibras)
Um “Eu” que se projeta no futuro devido à capacidade de criar ilusões:
Da ilusão do amanhã
a seme(ar)realiz-ações
(Rosilene Souza Quem vive sem gostar sabe sabor do desgostar – Notibras)
Um “Eu” ilusório que se sabe efêmero e frágil:
Rosas, rosas e mais rosas
Tão pálidas e tão espalhafatosas
Troquei-as por ilusões
Sopradas em bolhas de sabão
Caídas no chão
(Rosilene Souza Rosas mortas de medo colhidas com espinhos no quintal da ilusão – Notibras )
O Outro, em Rosilene Souza, é fugaz e não interativo, conforme se lê em:
Ilustravam a imaginação
Dois sorrisos distraídos
Que evaporavam na contramão
(Rosilene Souza Rosas mortas de medo colhidas com espinhos no quintal da ilusão – Notibras)
O Outro, em Rosilene Souza, é aquele que interrompe a celebração da captação auditiva prazerosa. É aquele que se apresenta tal qual canto das sereias em tempos de Inteligência Artificial. Conforme se lê em:
MAS, será que tudo não passa de uma piada, ou MIRA-gem, ou ainda, uma melodia mortal sibilada pelas sereias afoitas a destilarem sonora-mente mau agouro na IA?
(Rosilene Souza Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo – Notibras)
O “Eu” (Sensorial) sente-se amedrontado pelo Outro (Artificial) que rouba sua subjetividade:
talvez, este toque efêmero tem como META apropri(ar)-se sorrateira —- MENTE de nossa tão cobiçada aura/mente/pensamentos. diante desse cenário apropriativo passamos a ser conduzidos e reprogramados sutilmente. sem perceber perdemos a nossa SUBJETIvidaDE e essência humanas.
(Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo – Notibras)
O Outro é concebido como manipulador de um “Eu” de existência vazia:
o ser humano prepotente e (ar)tificial que quer nos enquadrar a força em caixinhas, dando assim significado a nossa existência vazia por meio do controle remoto, psicológico ou financeiro?
(Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo – Notibras)
O Outro é quem tece o cenário externo que, por sua vez, é planejado para guiar o “Eu” (passível de manipulação):
sonambula-mente, , ,
deixo-me lev(ar) tal qual a manada pelas realidades
aumentadas, distorcidas
e manipuladas
que nos “guiam” e nos reprogramam para matad – OUROs
eletrônicos,
ou, serão DESFILA-deiros tecnológicos?
(Rosilene Souza Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo – Notibras)
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Referências:
Rosas mortas de medo colhidas com espinhos no quintal da ilusão