Dezembro
ÊH, LASQUEIRA!
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Nestas trovas com a certeza
como quem “clama no deserto”
para falar de Dezembro
a saudade eu desperto
A saudade é eterna amiga
que embala e vela o sono
a cantar linda cantiga
livra a gente do abandono
Que cara mais deslavada
dessa gente quando diz
que acreditou na mentira
de quem nunca foi feliz
Do mal não tema o perigo
de quem os teus sonhos abate
e busque ver se o inimigo
vale as honras do combate
Reguardai todo o veneno
do desgoverno matreiro
seu espaço é tão pequeno
“vade retro” zombeteiro
Velhaca podre e maldosa
gente ingrata em teu caminho
lembre da altivez da rosa
que perfuma o próprio espinho
Aprendi com o semeador
dadivoso e sem queixume
quem passa e semeia a flor
ao voltar colhe o perfume
Não chore a morte dos sonhos
que jamais se realizaram
lamente os dias tristonhos
daqueles que não sonharam
Falar da praga maior
a praga da ingratidão
de quem veio pra esfolar
esta vida sem grilhão
Lá vem um novo Dezembro
uma trova vai de troco
pra encerrar o ano velho
e espantar os gafanhotos
Logo chega o deus-Cristinho
que não vai abandonar
os caminhos de meu povo
sem cansaço no andar
Pelas veredas da vida
num eterno começar
como as fogueiras nas noites
para o dia esperançar
Minhas trovas sem beleza
enganam a realidade
são rabiscos “pés-quebrados”
com perfume de saudade
…………………………..
*ÊH, LASQUEIRA!:- é uma expressão caipira que pode indicar espanto, surpresa ou admiração, mas também situação difícil, complicada, desafiadora e intensa emoção.
Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor/pesquisador que aprendeu desde criança que a vida é uma infinita LASQUEIRA! Vive na Guarda do Embaú no litoral de SC.