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Se errar, já era

Eleição é coisa séria e eleito deve prezar pelos interesses da sociedade

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior - Foto de Arquivo

Antes da disputa do título olímpico, em 2026, o eleitor brasileiro terá uma mostra de que, em decorrência do distanciamento e da divisão política, por enquanto a soma de todo o eleitorado nacional é igual a zero. Em outubro próximo, o Brasil de uns volta ao ringue para um novo round na disputa fratricida com o Brasil de outros. É a prova de que a lição sobre a histórica falsidade da humanidade política ainda não foi assimilada pela maioria. Pelo contrário. Tudo está indicando até agora que eleitores de 26 estados (o DF não vota) irão às urnas não para eleger prefeitos e vereadores preocupados com o crescimento socioeconômico de suas cidades, mas exclusivamente para medir forças entre um e outro lado.

Infelizmente, é da natureza humana esquecer que a desigualdade de pensamentos não gera inimigos. No máximo, adversários passageiros. O modo ódio de boa parte da população tornou quase impossível a compreensão acerca da essencialidade do entendimento de que a tarefa de consolidação democrática não é de grupos, mas de toda a sociedade, independentemente de cor, credo ou opção sexual. Que tal refletir sobre o princípio básico repetido pelo incansável ator e cantor brasileiro Tony Tornado nesse domingo (26), quando completou 94 anos: “Quando duas mãos se encontram, as sombras que se projetam no chão são da mesma cor”.

Em falta no mercado nacional, a cidadania parece bem distante do dicionário de expressiva parcela da população. Daí, a fragilidade dos homens e mulheres que, esquecendo que estamos todos no mesmo balaio, jamais tentam identificar o que os une. Preferem investir no que separa. É a força da alienação em relação à coletividade. Se as avaliações a respeito do evento climático que destruiu cidades do Rio Grande do Sul não estivessem divididas entre os que querem ajudar e os que trabalham para desconstruir, as enchentes do Estado seriam um ótimo atalho para a reconstrução do país como nação plural.

Como prega o Hino Nacional, o Brasil, a Pátria Amada, é a mãe gentil dos filhos deste solo. Portanto, não é de um único pai, tampouco pertence a um único filho. Que o round político de outubro não seja, mais uma vez, a infame arte de enganar o povo para atender interesses próprios. A torcida é para que as eleições municipais sejam o ato nobre de prezar pelos interesses da população. Votar com consciência pode ser sinônimo de a curto e médio prazos sofrer menos do que já sofreu ou do que está sofrendo.

É fundamental que ricos, pobres, brancos, negros, héteros, homossexuais, católicos, evangélicos, umbandistas, espiritualistas e ateus estejam atentos para a importância do voto. É a nossa principal arma contra os maus políticos. Não adianta votar com paixão, idolatria ou fanatismo e continuar vivendo com medo de bandidos, sem emprego, sem escola para os filhos e na interminável fila da saúde pública. Não importa quem vença no pleito municipal que se avizinha ou nas eleições gerais de 2026. A palavra de ordem tem de ser a democracia. É ela que oportuniza a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um.

Como na vida, a política é uma pergunta e o modo como votamos é a nossa resposta. Perdemos o timing, mas ainda é possível lembrar aos futuros candidatos que, caso eleitos presidentes da República, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores, terão de manter coerência com as ideias defendidas por eles nas apresentações, discursos, comícios e no horário eleitoral. Vamos a mais uma contenda eleitoral preocupados somente com a máxima de que política é a arte do possível. Portanto, votemos para criar uma história madura para o Brasil. Reproduzindo o teólogo norte-americano John Piper, “o novo nascimento não é sobre melhorar quem você é, mas sobre criar um novo você”.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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