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O velho enjaulado

Eleição municipal começa com Floriano enterrando oligarquias

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Autor/Imagem:
José Seabra e Gisele Souza - Fotos Acervo Pessoal

Tido no equivocadamente círculo político de Brasília como atual ‘rei’ de Alagoas, Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, não mantém, porém, o cedro nas mãos. O deputado é uma espécie de ‘Rainha da Inglaterra’, dona de um título que obedece ordens de um premiê. O primeiro-ministro desse reinado atende pelo nome de Renan Calheiros (MDB).

Quando acontece de os dois caciques políticos conversarem alguma coisa, o deputado incorpora mais um papel: o do marido que dá a última palavra em casa: ‘Sim, senhora’. É daqueles que concorda com tudo o que a mulher diz, salvo em casos conjugais que vão parar nas barras dos tribunais.

Hoje o rei está em xeque, cercado por peões, cavalos, bispos, torres e até uma rainha oculta, com o ego chamuscado, que virá à tona logo antes das eleições municipais de outubro. Assim, é o que se ouve por esses lados, o movimento das peças do tabuleiro político alagoano caberá a Renan Calheiros.

Na guerra pelos votos, a primeira província a ser atacada será a paradisíaca Barra de São Miguel, onde a velha e desgastada figura do prefeito Benedito Lira, antes majestosa, definha diante de um antigo aliado e agora adversário feroz. É o vice-prefeito Floriano Melo, afilhado de Renan, inimigo mortal de Arthur, filho de Benedito. Em Barra, o eleitor já traça um imaginário desenho na luta pelo voto associado a disputa entre Davi e Golias.

Enquanto Benedito vive enclausurado, Floriano, eventual candidato à prefeitura da cidade (ele diz que uma decisão sairá dentro dos prazos previstos pela legislação eleitoral) vai circulando entre o povo simples e políticos de peso. Um exemplo são a foto acima (com Renan Filho e Dudu Ronalsa) e a do corpo deste texto, onde é visto cercado por gente simples. São amigos ‘para o que der e vier’, em particular na hora de digitar o número certo na urna eleitoral.

Enquanto as convenções partidárias não acontecem, Floriano vai costurando alianças. É como se incorporasse o espírito de Fabrizio Allur, um dos mais respeitados alfaiates do País, que recebe em seu ateliê de São Paulo a nata da sociedade. Porque, é a fama dele, as costuras são permanentes. Fio a fio, cria-se uma linha que se transforma em elos que fazem a engrenagem girar.

Nesse caminhar, Floriano não dá pontos sem nó. Ou, em outras palavras, o que ele faz não é com segundas intenções.

Palavras do próprio Floriano, em depoimento a Notibras: “Estou com três partidos, o MDB, de onde deverá sair o candidato a prefeito; e o PDT do vice governador Ronaldo Lessa, que vai indicar o companheiro de chapa. Isso faz parte de um amplo acordo entre o senador Renan Carlheiros e Lessa. Não bastasse isso, a filha do governador, do PSB, vai marchar em nossas fileiras”.

A coligação é ampla – e o eleitor de Barra de São Miguel está acompanhando todo esse processo com bastante atenção. Como há um alinhamento natural, MDB, PDT e PSB lançarão cada um 10 candidatos à Câmara Municipal. Serão trintas nomes em busca de uma cadeira de vereador, todos tidos como verdadeiros puxadores de votos.

Sair das urnas com 50% mais um dos votos, para Floriano, não aparenta ser uma missão impossível. Mesmo porque o Colégio Eleitoral de Barra se resume a algo em torno de seis mil eleitores, dos quais cinco mil votos válidos, se respeitados os números do último pleito municipal. E todos, salvo raras exceções, gostam quando recebem tapinhas nas costas e veem, no tetê-a-tetê com Floriano, que ele é um nome promissor.

Silas, um ex-opositor, é um entusiasta da candidatura de Floriano. O mesmo pode ser dito de Angela, a ex- secretária de Esporte e Lazer de Paulo Dantas, que, antes do outro lado, corrigiu os rumos e manifestou apoio ao ainda pré-candidato Floriano. Para fechar esse círculo de ilustres personalidades políticas de Barra de São Miguel, tem ainda Taciane Ferro, herdeira política do ex-deputado Cícero Ferro.

Benedito, admitem seus correligionários, terá uma pedreira pela frente. A oposição unida é como o povo. Se derem-se as mãos, ninguém segura; é vitória certa. E essas mãos estão dadas com um único objetivo: mostrar que a região praieira do sul de Alagoas, também conhecida como Paraíso do Nordeste, tem tudo para transformar Barra num recanto igual ao de Alice no País das Maravilhas.

– Deus está com nosso grupo, afirma Floriano. E, acrescenta, otimista, “vai trazendo o eleitor junto. E quando as urnas forem abertas, toda a sociedade saberá que, com nossa vitória, a cidade estará em boas mãos”. Barra, promete o hoje vice-prefeito, “será do povo, e não de uma oligarquia que vive nos tempos das capitanias hereditárias”.

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