Estrada para o Buriti
Eleitor rejeita Lula, aprova Ibaneis Rocha e fortalece Celina Leão
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Duas pesquisas que circularam nas últimas 24 horas acenderam o sinal vermelho para o PT, o PSD, o PSB e o PSDB em Brasília. O cenário, que já vinha se mostrando desfavorável para esses partidos, tornou-se ainda mais crítico à medida em que os dados indicam um avanço expressivo da vice-governadora Celina Leão (PP) e uma consolidação da força política de Ibaneis Rocha (MDB).
A avaliação do eleitor brasiliense, neste momento, aponta para apenas uma legenda em franca ascensão: o Progressistas, de Celina, que é conduzida pelas mãos do governador para a sucessão no Palácio do Buriti.
De acordo com levantamento do Instituto Realtime/BigData, Celina Leão lidera a corrida eleitoral com 40% das intenções de voto. Em segundo lugar, mas muito atrás, aparece José Roberto Arruda (sem partido, a caminho do PSD), com 21%.
A seguir vêm Leandro Grass (PT) com 13%, Ricardo Cappelli (PSB) com 6%, e Paula Belmonte (PSDB), também com 6%. Eleitores dispostos a votar em branco ou nulo somam 9%, um número que reforça o desalento de parte do eleitorado, mas não chega a alterar significativamente o quadro favorável ao grupo governista.
Os números mostram que a oposição ao Buriti, hoje fragmentada, sem narrativa e com dificuldades para dialogar com o eleitor, segue distante de apresentar qualquer movimento capaz de ameaçar a eventual candidatura da vice-governadora.
Se o cenário local já era difícil para PT e aliados, outro levantamento – o da ABCDados/Amangolin – transformou preocupação em alerta máximo. Segundo a pesquisa, 66% dos eleitores de Brasília rejeitam o presidente Lula, enquanto apenas 31% aprovam sua gestão. Outros 3% preferiram não opinar.
Em uma capital historicamente crítica ao PT e sensível a discursos anticorrupção e de gestão fiscal, a rejeição massiva ao presidente tende a contaminar palanques locais, especialmente o de Leandro Grass, já fragilizado, e o de Ricardo Cappelli, que não conseguiu traduzir sua visibilidade nacional em força eleitoral no Distrito Federal.
O resultado, na prática, cria um ambiente adverso para toda a esquerda brasiliense e amplia a vantagem das pré-candidaturas alinhadas ao Buriti. Isso porque, se para Lula o levantamento da ABCDados é amargo, para Ibaneis Rocha o cenário é de conforto político. A pesquisa atribui ao governador 60% de aprovação, contra 36% de rejeição e 4% que não souberam opinar.
Com números sólidos, Ibaneis se firma como o maior cabo eleitoral da capital da República na atualidade. E é justamente essa força que sustenta a rápida ascensão de Celina Leão. A estratégia é conhecida: apresentar a vice como continuidade natural do atual governo, transferindo a ela o capital político construído ao longo de dois mandatos.
Até o momento, a operação está funcionando. Os números mostram que Celina não apenas herdou a musculatura política do governador, como se consolidou como candidata competitiva e favorita.
Com forte rejeição ao presidente Lula e aprovação robusta ao governador Ibaneis, o quadro político de Brasília segue inclinando com força para o campo governista. Celina Leão surge como protagonista inequívoca dessa construção, enquanto PT, PSD, PSB e PSDB enfrentam o desafio de reverter uma maré eleitoral que, até agora, corre contra todos eles.
Se o cenário não mudar, 2026 poderá registrar uma das disputas mais desequilibradas da história recente do Distrito Federal. É que, com a estrada pavimentada por Ibaneis, Celina Leão caminha a passos firmes para o Palácio do Buriti.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
