Eco suave
Eloquência e Silêncio
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Não dissemos nada,
mas o universo inteiro nos escutou.
Era como se o tempo se curvasse
diante da eloquência dos nossos silêncios,
e cada pausa entre os gestos
fosse uma estrofe escrita com luz.
Teus olhos eram constelações
refletidas nas águas calmas dos meus olhos,
e meu silêncio, um templo onde tua alma
encontrava abrigo sem pedir permissão.
Cada movimento teu
era uma partitura invisível
que meu coração lia com reverência, onde meus poemas descreviam você.
Quando nossas mãos se encontraram,
o instante se tornou eterno,
como se dois rios finalmente se fundissem
num oceano sem margens.
Ali, a linguagem se dissolveu,
porque já havíamos conversado
em todas as vidas que nos antecederam.
Nosso entendimento era um sopro de eternidade,
um fio de ouro entre dois mundos,
onde o tempo não ousava interferir.
Não precisávamos de sons,
porque a verdade dançava
nas entrelinhas do nosso silêncio.
Cada sorriso teu
era um vitral iluminado pelo sol da manhã,
e cada silêncio meu
era um manuscrito guardado
nas gavetas do infinito.
Falamos tudo sem dizer nada,
como quem escreve com o olhar
e lê com o coração.
Mesmo que o mundo nos chamasse de enigma,
bastava-nos saber
que existíamos naquele espaço sagrado
onde o verbo é desnecessário,
e o amor é uma linguagem
que só os corações afinados conseguem decifrar.
Dissemos tudo sem palavras,
e esse era o amor mais puro:
aquele que se revela na quietude,
aquele que não precisa ser traduzido,
porque vive no eco suave
entre uma alma e outra.