Arauto da harmonia
Em meio ao silêncio, tudo o que toca se acalma
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Dizem os antigos que, nas horas em que o caos se levanta como um vento frio sobre as almas, uma presença silenciosa atravessa o véu do mundo — o Arauto da Harmonia.
Não traz espada, nem trombeta. Seu som é um sopro, uma vibração de luz que desperta lembranças de um tempo antes do tempo, quando tudo era apenas som, cor e respiração divina.
Seu rosto muda conforme o olhar: ora um jovem de olhos de aurora, ora uma mulher envolta em véus de brisa, ora apenas um raio que pousa sobre a água.
Ele não fala, mas tudo o que toca se acalma.
Flores voltam a abrir-se, o ar perde o peso, e os corações — antes duros como pedra — amolecem na claridade.
É dito que o Arauto nasce sempre do centro de um encontro verdadeiro: quando dois olhares se perdoam, quando uma palavra restaura um laço, quando um gesto interrompe a dor.
Ele é a ponte entre o som e o silêncio, entre o Sol e a sombra, entre o humano e o divino.
Nas escrituras dos iniciados, seu selo é o círculo com dois pontos — símbolo da união dos opostos.
Seu perfume é o da rosa sem espinhos, e sua morada é onde a alegria se torna oração.
Quem o invoca, não o chama pelo nome, mas pela intenção: basta desejar a paz de verdade.
E então ele surge, invisível, acendendo no peito uma centelha dourada — lembrança de que a felicidade não é um prêmio, mas uma frequência.