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Novo normal

Em nome da guerra, o mundo, com o Brasil no meio, vive fase terminal

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso - Foto Editoria de Artes/IA

Qual é o novo normal do ser humano? Odiar prazerosa e ideologicamente quem o vence? Sentir orgasmos múltiplos diante da morte, como fez Jair Bolsonaro durante a Covid-19? Rir dos mortos, como faz Benjamin Netanyahu? Enumerar os mortos como se fossem troféus, como fazem Vladimir Putin e Nicolás Maduro? Ter poder, mas nada fazer para evitar a mortandade de pessoas inocentes, como faz Donald Trump? Perguntas complicadas para respostas difíceis. O que parece muito nítido é que, para os que se encaixam nesses perfis, o poder e os cadáveres são o objetivo final. É a prova cabal de que “o homem é um macaco que não deu certo”.

Depois de se mostrarem inviáveis como seres humanos, por que essas pessoas que invadem territórios alheios e destroem semelhantes seguem felizes? São torturadoras? Defendem os torturadores porque eles matam eventuais adversários? Tudo indica que sim. Aliás, manter inimigos vivos é o maior dos empecilhos para que elas consigam chupar um picolé. Considerando que aqueles que vivem apegados a ideologias estão fadados a se conformar com as cinzas da mediocridade, tudo isso me parece ilógico. Lógico somente a certeza de que tudo o que está ocorrendo ao redor do mundo, inclusive no Brasil dos patriotas, é feito por conta de ideologias.

Triste é perceber que a maioria não se toca de que torturadores não têm ideologia, tampouco lados. Torturadores são apenas torturadores. Em nome da guerra, eles torturam até a paz. Como dizia Ricardo Boechat, eles são tipos humanos no nível mais baixo que a natureza pode conceber. “São covardes, são assassinos e não merecem em momento algum serem citados como exemplos”. Mas são! Sem a ousadia dos tiranos, nós, os homens de bem, estamos sozinhos. Somos nós por nós. Enquanto uns brigam por poder em sua respectiva nação, outros lutam por comida e emprego por esse mundão.

Enquanto uns vivem nas ruas tentando abrigo para não serem condenados, outros esbanjam, gastam o que não é seu, superfaturam emendas, negociam votos e se lambuzam no leite condensado. No mundo de hoje, quando avançamos na fase do cretinismo, a falta de ideias é compensada pelo excesso de ideologias. São essas ideologias envelhecidas que nos divide, nos ilude e nos destruirá. E assim caminha a humanidade com destino à melhor das ideologias: a que faz rir para não chorar. Houve um tempo em que o melhor manifesto era em defesa do amor. Hoje, nem os bares vêm para o bem.

Diziam que, após a pandemia, o Brasil e o mundo mudariam para melhor. Como emburrecemos ideológica e politicamente, mudamos para pior. Foi o tempo em que muitos brasileiros alienados lutaram ferozmente contra a verdade. A ordem era disseminar mentiras, de modo a evitar que suas ilusões fossem destruídas. Esqueceram que a força nem sempre garante bons resultados. Usando de eufemismos para manipular a opinião pública e mascarar conceitos com conotações negativas, os déspotas de ocasião adoram se referir à intervenção humanitária para suavizar o termo guerra.

É por isso que muitos deles insistem com a expressão que o mundo está passando por um momento delicado. O mais correto seria dizer que o mundo é um doente terminal. Passou da hora de voltarmos ao básico, ao normal. Embora um chocolate de vez em quando seja muito bom, tudo que a gente precisa é de amor. Parafraseando o ator e escritor norte-americano George Burns, o amor é parecido com a dor nas costas: não aparece no raio x, mas a gente sabe que ele está lá. O amor é como um livro. Cada capítulo é uma descoberta e nem sempre o fim é o que a gente espera. Para concluir, é bom lembrar a Trump, Netanyahu, Putin, Maduro e Bolsonaro que a guerra é a paz dos que não têm paz. Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho.

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Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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