Frutas
Entre banana e melancia
Publicado
em
Eu considero a banana a fruta mais democrática do Brasil. Está em todas as regiões, de norte a sul, do sertão ao litoral. Tem banana nanica, prata, maçã, da terra, ouro. Uma variedade que daria inveja a qualquer fruta importada. É barata, acessível, fácil de encontrar e, melhor de tudo, quase todo mundo gosta. É a fruta que cabe em qualquer lancheira, cesta ou refeição. Boa pra comer antes, durante e depois da atividade física, como se fosse um energético natural, sempre à disposição.
Além de tudo, a banana é versátil. Dá pra fazer doce, bolo, vitamina, sorvete, farofa, licor, torta e até aquelas receitas que começam como sobremesa e acabam virando almoço. Confesso que tenho uma mania particular: gosto de comer banana com o almoço. Sim, junto mesmo, no prato, lado a lado com o arroz e o feijão. Basta descascar e colocar ali, no cantinho, misturando os sabores. Pode parecer estranho, mas é um pequeno prazer cotidiano que nunca me canso de repetir.
Mas, como em toda unanimidade nacional, sempre tem alguém do contra. Aqui em casa, esse alguém é meu marido, o escritor Eduardo Martínez. Ele não gosta nem do cheiro da banana. Basta eu descascar uma para ele torcer o nariz, como se o aroma fosse uma afronta pessoal. Ele prefere melancia e, sinceramente, acho melancia uma fruta burocrática. Precisa ser lavada, cortada, separada em pedaços menores, e ainda ocupa metade da geladeira. Sem falar do peso: ele tem uma predileção pelas melancias gigantes, as que parecem ter sido compradas para abastecer um piquenique coletivo.
No fim, convivemos bem com nossas diferenças frutíferas. Ele com suas melancias monumentais, eu com minhas bananas práticas e fiéis. No fundo, acho que é assim mesmo que funciona um relacionamento: um equilibra a doçura espontânea do outro e, no nosso caso, isso acontece de colher na mão, cada um saboreando a própria fruta preferida.