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Síria não é Iraque

Escudo aéreo derruba mísseis e frustra o ‘falastrão’ Trump

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Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição

Embora os governos dos Estados Unidos, França e Inglaterra se vangloriem da sua ‘operação cirúrgica’ deste sábado, 14, contra a Síria, a realidade é bem diferente. A coalizão lançou 103 mísseis contra Damasco e mais duas cidades sírias. Desses, porém, ao menos 80 foram derrubados na contra-ofensiva das armas instaladas por Moscou no país de Bashar al-Assad.

A situação na Síria é de tranquilidade. Tanto que poucas horas depois do ataque, o presidente Assad chegou ao trabalho, sem se deixar intimidar pelo ato coordenado de agressão daquelas três potências ocidentais.

A conclusão é uma só: o ataque foi efetuado para que o presidente Donald Trump não passasse por ‘falastrão’, desacreditado após ameaçar e nada fazer. Tanto é assim, que o Ministério da Defesa da França – que colaborou com aviões para o frustrado ataque – revelou ter comunicado às forças da Rússia que os mísseis seriam lançados a determinada hora, permitindo assim uma defesa prévia.

As unidades de defesa aérea sírias interceptaram 80 mísseis de cruzeiro de 103, incluindo todos que haviam sido disparados no aeroporto militar de Dumayr, localizado a nordeste de Damasco, segundo relatou o Ministério de Defesa da Rússia – principal aliada da Síria – em comunicado na manhã deste sábado.

Em Moscou, a porta-voz do Kremlin  Anna Zakharova acusou americanos, franceses e ingleses de se basearem em notícias da imprensa para fazerem um relatório insinuando que a Síria usa armas químicas para combater os terroristas – principal pretexto para o fracassado ataque a Damasco.

“Todo mundo se lembra de como o bombardeio do Iraque começou, quando o secretário de Estado Colin Powell inventou um tubo de ensaio. Hoje, ninguém é tolo o suficiente para ir ao Conselho de Segurança da ONU e começar a agitar os tubos de ensaio. Agora observamos que as mídias americanas, britânicas e francesas, e europeias, de modo geral, que foram nomeadas como idiotas”, disse Zakharova.

Foto/Divulgação

Conexão francesa – Na sexta, 13, acusa Moscou, o Ministério da Defesa da França publicou um relatório compilado pelos serviços de inteligência do país sobre um possível uso de armas químicas na cidade síria de Douma, uma semana antes.

“O governo sírio reteve um programa clandestino de armas químicas desde 2013”, afirmaram os autores do relatório, sublinhando que Damasco não declarou todos os seus estoques de armas químicas e capacidades com a Organização para a Proibição de Armas Químicas quando estes se moveram para se desfazer do WMDs sírios.

O governo francês também admitiu que não tinha amostras das armas químicas que foram supostamente usadas em Douma, com o relatório observando “a ausência até hoje de amostras químicas analisadas por nossos próprios laboratórios”.

Apesar disso, ainda de acordo com a versão corrente entre as autoridades russas, os autores do relatório explicaram que Paris escolheu confiar em “informações publicamente disponíveis de organizações não-governamentais e outras fontes”, incluindo postagens de mídia social.

“Os serviços franceses começaram a analisar depoimentos, fotos e vídeos que apareceram espontaneamente em sites especiais, na mídia e nas redes sociais nas horas e dias que se seguiram ao suposto ataque. Os depoimentos obtidos pelos serviços também foram analisados”, afirmou o relatório. .

De acordo com o documento, a “natureza espontânea da liberação” das imagens das supostas vítimas de ataques químicos nas redes sociais aparentemente provou que esses dados não foram fabricados ou reutilizados.

Portanto, especialistas franceses determinaram que as vítimas do ataque tinham “sintomas identificáveis” meramente estudando as fotos mencionadas anteriormente, já que “parte das entidades que publicaram essas informações são reconhecidas como geralmente confiáveis”, afirmou o relatório.

Anna Zakharova enfatiza que a história provou que os Estados Unidos erraram ao atacar o Iraque e levar Saddam Hussein à morte por enforcamento. Até hoje os iraquianos vivem em convulsão. “Mas com a Síria, é bom lembrar, será diferente”, garante a porta-voz do governo russo.

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