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Olhos d'Água

Está chegando a hora de mais uma Feira do Troca

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Autor/Imagem:
Asmi Azelma, especial para Notibras/Foto Reprodução

Quase 50 anos se vão, desde que a arte-educadora da UnB Laís Aderne teve a ideia de formatar uma prática dos moradores de um pequeno povoado goiano. Embora a apenas 100 quilômetros de Brasília, o escambo era a única forma de negócio, pois o dinheiro não circulava no local. O local é Olhos d’Água, em Alexânia.

Quem plantava milho trocava por mandioca, e assim ia. A plantação de subsistência era moeda de troca para todos os gêneros de primeira necessidade. Ou seja, pessoas e casas possuíam quase nada. Por outro lado, uma tradição era fartura – o artesanato.

Laís e seus pesquisadores da Antropologia viram aí uma riqueza. Fizeram uma proposta aos artesãos locais. Voltando a Brasília, pediram aos amigos, em especial a alunos e professores da UnB, que juntassem roupas, sapatos, utensílios de casa e cozinha… E faziam-se montinhos no chão da praça da igreja de Santo Antônio, de panelas, saias e calçados, enquanto os moradores chegavam com potes de barro, bonecas de pano, tapetes ou cobertores fiados, para que se desse a troca.

O escambo ainda é bastante utilizado durante a Feira, que se mantém na Praça, mas com o tempo a venda tornou-se o mais forte – até pela valorização do trabalho de mais de uma centena de artesãos e artistas da região, que precisam de dinheiro, sim, siô.

O artesanato de Olhos D’água de Goiás é basicamente de cerâmica – esculturas, utensílios de barro, potes, objetos de decoração. De tecido – fiação, tecelagem, tapeçaria, bonecas de pano. De madeira, móveis principalmente. Palha – cestos, bonecas, esculturas, decoração. Flores e folhas do Cerrado. Bordados. E viaja o Brasil e o mundo.

Uma peça da artesã Maria de Fátima Bastos, a “Fatinha”, foi presenteada ao papa Francisco. Criou-se a tradição e O Troca vem acontecendo desde 1974, duas vezes ao ano – primeiros fins de semana de junho e de dezembro.

O vilarejo, onde circulam menos de mil habitantes na semana, costuma encher-se com umas 20 mil pessoas durante a festa. Sempre conta com comida típica e internacional, boas atrações culturais, teatro e shows musicais, sem faltar a dança da Catira.

O povoado tem pousadas confortáveis, bares e restaurantes. Com seus ares de vila rural, Olhos D’água recebe visitantes o ano inteiro, em busca de tranquilidade e água fresca dos riachos. Surgiu por volta de 1940, quando era parada de tropeiros, transformada em vila por promessa religiosa.

Pela BR 060, fica a cerca de uma hora de Brasília e um tempinho a mais de Goiânia. Encontra-se o vilarejo adentrando-se em Alexânia. Nos últimos tempos, foi tomado por brasilienses, aposentados e também por funcionários públicos, que buscam descanso nos fins de semana.

Serviço
Feira do Troca
2 a 4 de junho – 96a Edição
Olhos D’água – Alexânia – GO
Telefone – não pega, só wi-fi

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