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Estudo mostra vácuo entre os salários de mulheres e de homens

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Enquanto as trabalhadoras do Plano Piloto têm salários 17% inferiores aos dos homens, as mulheres da Fercal recebem até 46% menos. A disparidade definida por gênero foi mostrada nesta quinta-feira (5), em estudo realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). De acordo com o relatório, a renda média de uma mulher que trabalha no DF é de R$ 2.680 e a dos homens, de R$ 3.439.

A pesquisa Mulheres no Distrito Federal e nos Municípios Metropolitanos: Perfis da Desigualdade indicou diferenças econômicas e sociais entre mulheres e homens e entre mulheres negras e não negras do Distrito Federal e dos 12 municípios goianos que compõem a periferia metropolitana de Brasília: Águas Lindas, Alexânia, Cidade Ocidental, Cristalina, Cocalzinho, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso.

A divulgação do estudo é parte da programação do Março de Todas as Mulheres, da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. “Essa pesquisa nos ajuda a traçar os caminhos necessários para atingir nosso objetivo maior, que é a inclusão social e a igualdade”, afirmou a secretária da pasta, Marise Nogueira.

Apesar de as mulheres representarem mais da metade dos 2,8 milhões de habitantes do DF, os homens são os chefes da casa, independentemente de serem ou não provedores da renda. O relatório aponta que 72% dos lares são chefiados por homens e que 89% das mais de 230 mil mulheres que declararam serem chefes de casa não moram com homens.

“Os dados mostram a reprodução cultural do machismo nos laços de chefia”, resumiu o coordenador-geral do projeto, Flávio Gonçalves, diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan. Os dados também indicam que 87% dos homens responsáveis pelos domicílios contam com mulheres no lar para dividir as atividades.

A deputada Érika Kokay, presente na divulgação do estudo, acrescentou: “Há um nível de desigualdade, de subalternidade, expressa no mundo do trabalho e no espaço doméstico e que tem que ser combatida”. Para a parlamentar, as mulheres precisam ganhar poder e assumir cargos de chefia, o que não ocorre, muitas vezes, por conta da discriminação: “Na Câmara dos Deputados, temos 9,9% de mulheres, mas há países em que as mulheres usam burca e há muito mais representatividade”.

O estudo da Codeplan registra, por exemplo, que a participação da mulher no mercado de trabalho varia de acordo com determinantes como filhos e casamento. Mulheres com filhos menores de três anos têm menos 36,15% de chance de ingressar no mercado de trabalho, enquanto para os homens, esse percentual é de 42,56% positivos. “O filho empurra o homem para o trabalho, enquanto tira a mulher desse espaço”, explicou Gonçalves.

A pesquisa também destacou diferenças entre mulheres declaradas negras e não negras. As negras representam 55% do segmento feminino no DF e 66% na periferia metropolitana. “O racismo, às vezes, faz mais diferença no tecido social do que o próprio machismo da sociedade brasileira, e ambas as questões contribuem muito para a violência”, analisou a secretária de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Marise afirmou que o governo prevê programas para construir políticas de combate à violência e ao racismo, como a Casa da Mulher Brasileira do DF, que será entregue em abril: “Além de enfrentar a violência, temos projetos para promover a autonomia econômica das mulheres, o que é fundamental para a luta”.

Ela adiantou que a ideia é trabalhar com as Secretarias de Educação e de Cultura para traçar as diretrizes das políticas públicas: “Temos que tratar esses temas transversalmente, porque o quadro das desigualdades é amplo”.

O presidente da Codeplan, Lucio Rennó, afirmou que o estudo é de grande utilidade para o Estado criar oportunidades e políticas de igualdade. Também participou da divulgação do estudo o professor e assessor da presidência da Codeplan, Aldo Paviani.

Gabriela Moll, Agência Brasília
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