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Belicistas unidos

Europa se rende a Trump e desenha triste futuro para a humanidade

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Autor/Imagem:
Antonio Eustáquio Ribeiro - Foto Reprodução/Sputniknews

Embora os líderes mundiais sempre sigam afirmando que a diplomacia é que deve presidir as diferenças entre as nações, o que se assiste atualmente é a prevalência da força bruta como elemento dissuasor nas relações bilaterais e até multilaterais. Estão aí para confirmar isso a guerra entre Rússia e Ucrânia e o breve conflito entre Israel/EUA e o Irã.

Neste tabuleiro, infelizmente parece que a lógica da truculência e da força bruta de Trump está saindo vitoriosa. Óbvio que o poder bélico norte americano é fator decisivo para isto, mas o preocupante é que o discurso de guerra está se sobrepondo a qualquer discurso de paz, e Trump ignora solenemente organismos multilaterais que apelam para o bom senso e para a diplomacia, como a ONU.

E agora, para coroar a lógica da truculência de Trump, a União Europeia se rende a seu desejo e irá aumentar sensivelmente os gastos com defesa, apontado um caminho que nos remete a um tempo que pensávamos superado, o da guerra fria, em que o chamado ocidente se armou até os dentes para fazer frente à expansão da antiga União Soviética.

O político de direita Mark Rutte, ex primeiro ministro dos Países Baixos (Holanda) e atual Secretário Geral da OTAN, belicista de primeira ordem, apoiador e visivelmente feliz com as ações de Trump anunciou (antes mesmo da realização de reunião de cúpula da entidade nos dias 24 e 25 de junho, cuja pauta foi exatamente a proposta de elevação dos gastos com defesa), que os países da União Europeia vão elevar seus gastos até o limite de 5% do PIB como deseja Trump, “para considerar a Europa amiga”.

Atualmente o conjunto do bloco gasta em torno de 2% do PIB na média em defesa. Elevar para 5% é mais do que dobrar os gastos dos países para prepará-los para a guerra, quando o mundo precisa urgentemente de investimento em ações de salvação do planeta com medidas de reparação e contenção da destruição climática já feita, se é que se deseja a continuidade da espécie, o que parece ser dúvida, visto a nova corrida armamentista imposta por Trump.

Os países do bloco têm no geral elevadas dívidas públicas em relação ao PIB, sendo que alguns países como França e Itália têm dívidas superiores ao PIB. Por determinação do Banco Central Europeu, os países do bloco vêm tomando medidas duras de redução de gastos que, via de regra, incidem sobre políticas sociais, desmantelando pouco a pouco o que já foi o grande orgulho da Europa, o seu estado de bem-estar social.

Agora, com o tacão do BCE neoliberal a cobrar e punir países que não se adequem à redução de gastos, é de se imaginar o que ocorrerá com esta vultosa elevação de recursos para a defesa: cortes acabarão acontecendo e, como de costume dentro do receituário neoliberal, isto significará diminuição de gastos sociais e diminuição de gastos com a máquina pública, prejudicando duplamente a sociedade que verá políticas consolidadas retrocederam e verão um estado mais ineficiente no atendimento de suas demandas.

Infelizmente o senhor da guerra está vencendo. Triste futuro se vislumbra para o mundo.

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Antônio Eustáquio é correspondente de Notibras na Europa

 

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