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Bateu na rede, é gol

Exposição traz memória afetiva de brinquedos com bola

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Elaine Patricia Cruz/Via ABr - Foto Paulo Pinto

Futebol de botão, futebol de tabuleiro, pebolim, jogo da velha de times de futebol, mascotes da Copa do Mundo feminina e masculina, álbuns de figurinhas, Super Trunfo, uma Barbie jogadora de futebol e um Mickey Mouse usando uma camisa da seleção brasileira de futebol. Todos esses brinquedos – e muitos outros que divertiram crianças de variadas gerações – podem ser vistos a partir a partir de agora na nova exposição em cartaz no Museu do Futebol, chamada de Futebol de Brinquedo. A curadoria é do jornalista e escritor Marcelo Duarte, autor da série de livros O Guia dos Curiosos.

Muitos desses objetos são da coleção do próprio curador e fizeram parte de sua infância.

“Eu brinquei com todos eles. Muitos dos brinquedos que estão expostos são meus. A curadoria foi uma grande brincadeira: procuramos colecionadores para resgatar peças em bom estado e para mostrar o que era brincar de futebol dos anos 50 para cá. Há coisas aqui que são minhas, há brinquedos que eu fiz [como o Tira-Teima e a revista Jogando com a Placar] e tem brinquedos que eu até joguei, mas não tinha guardado comigo”, contou o curador.

Um dos filhos de Duarte relatou à reportagem que chegou a brincar com o Pregobol do pai, um dos objetos em exposição. Mas o futebol repleto de pregos simulando jogadores em uma tábua de madeira parece não ter conquistado o filho, que prefere mesmo brincar de futebol – porém no videogame.

E esse é um dos objetivos da exposição: mostrar ao público como foi brincar de jogar futebol ao longo do tempo.

“A primeira bola, que é o primeiro brinquedo da humanidade, teria surgido há 6 mil anos antes de Cristo. O ser humano chutar uma bola é algo muito milenar e ancestral. Mas o futebol foi sistematizado com regras na virada do século 19 para o século 20, pelos ingleses, mas há registros de futebol na China, no México e em lugares da Europa. Então, brincar de futebol, de fato, é ancestral”, explica Marília Bonas, diretora técnica do Museu do Futebol.

A mostra faz um mergulho na memória afetiva de brinquedos relacionados ao esporte mais conhecido do mundo. Se para os adultos é um resgate de memórias, para as crianças, ela deverá despertar a curiosidade. “É um passeio pela memória afetiva – e, imagino, de muitos pais, que hoje sofrem com os filhos mais novos jogando videogame, que é o meu caso, em que perco sempre de goleada. Mas essa exposição é para mostrar aos filhos que, quando não tinha videogame, a gente brincava assim. E era tão divertido quanto hoje em dia”, destacou Duarte.

“Temos muito claro que o futebol é um ponto de conexão entre pais e filhos e filhas. O que quisemos aqui foi homenagear os adultos, mostrando como se brincava de futebol. E trazer esse universo para os pais mostrarem a seus filhos como brincavam. O brincar de futebol é um jeito de conectar as gerações”, disse.

Alguns dos brinquedos em exposição são raros, como um boneco do Pelé, de 1958. Há também o Ludopedio, um jogo criado pelo cantor Chico Buarque, lançado em 1970, período em que ele ficou exilado na Itália.

Alguns dos brinquedos em exposição são raros, como um boneco do Pelé, de 1958- Paulo Pinto/Agência Brasil
“Um dos objetos de que mais gosto é o Manual do Zé Carioca. O Manual foi lançado pela primeira vez em 1974, e foi o primeiro livro de futebol da minha geração. Eu tinha quase 10 anos quando saiu esse manual e era o livro que trazia as curiosidades do futebol. Foi o ‘Guia dos Curiosos’ que eu li quando era criança e que me inspirou a fazer livros assim depois”, afirmou.

Representatividade
Segundo a diretora técnica do Museu do Futebol, a curadoria buscou também apresentar que os brinquedos podem divertir meninos e meninas. Antigamente, eram voltados somente aos meninos e ao futebol masculino. Por isso, o visitante vai encontrar desde a mascote da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, a Tazuni, a um time de botão feminino.

“A gente queria celebrar esse brincar de futebol e também trazer esse universo dos brinquedos de futebol, que é algo no Brasil a partir da década de 50 e que aí é atravessado por questões de representação. Temos muitos brinquedos aqui que, em tese, são voltados para meninos, embora as meninas também brinquem. Os times femininos ainda são pouco representados, mas o museu trouxe isso: produzimos alguns brinquedos [como as bonecas Mini Craques da seleção feminina de futebol] para mostrar que não é difícil ter o futebol feminino representado nos brinquedos”.

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