Paradigmas e paradoxos
FAÇA O QUE EU DIGO…
Publicado
em
Já percebeu que, muitas vezes, na ânsia de perpetuar seu legado, ensinando às pessoas como se portar corretamente, seu exemplo não está de acordo com aquilo que você fala? Por exemplo, você diz para os jovens que não se deve ingerir bebida alcoólica… mas se apresenta alcoolizado na frente das mesmas pessoas que aconselhou a não beber…
Claro que este é apenas um exemplo… há muito mais em nosso dia a dia que teimam em contradizer aquilo que ensinamos como correto… e realmente o é… e a maneira que agimos em nosso dia a dia… simplesmente não condiz com aquilo que ensinamos… resultado… como o que realmente fica gravado é a maneira de nos portarmos e não aquilo que falamos, nossas palavras se vão ao vento, como se nada significassem…
Bem, na verdade isso tem muito a ver com a complexidade do ser humano. Nossa capacidade incrível de falarmos uma coisa e fazermos outras… afinal, essa é a nossa principal característica, não é mesmo? Nossas verdades são muito particulares, nossa maneira de agir depende do meio em que estamos inseridos… se nossa posição é de comando, com certeza achamo-nos acima de tudo e de todos, mesmo que não estejamos…
Essa nossa maneira peculiar de educarmos aqueles que estão iniciando sua jornada, mais do que os confundi, perpetua padrões de comportamento questionáveis… afinal, o que levaria uma criança a futuramente se tornar uma fumante ou uma alcoólatra, não fosse o exemplo que recebeu em casa? Não basta dizer para o adulto em formação que tal conduta não é aceitável… afinal, se você faz, porque ela não poderia fazer, não é mesmo?
É copiando nossa forma de agir… e não ouvindo nossos conselhos… que determinados costumes, execrados por todos da boca para fora, mas que fazem parte de nosso dia a dia perduram por incontáveis gerações. Até que haja uma quebra desse círculo muitas eras se passam. Ideias que nada trazem de útil para a comunidade até que sejam extirpadas do senso comum viram padrão de comportamento. Porque os mais velhos, embora digam que tal maneira de agir seja errada, continuam a cometer os mesmos desatinos desaconselhados àqueles que estão chegando…
Como você acha que costumes abomináveis como o preconceito perduram desde eras remotas? É o exemplo dos mais velhos. Que, por ter medo do desconhecido, acabam por demonizá-los de tal forma que é esta a imagem que seus descendentes visualizam … e assim, uma ideia que deveria ter-se perdido nas brumas do tempo permanece em nosso meio por eras e eras…
Infelizmente não é simples nos livrarmos de vícios de comportamento. E como não conseguimos escapar destes, acabamos por repassá-los àqueles que seriam a esperança de uma nova visão. Ela até nasce, mas nossa forma de perceber o mundo é falha e acabamos por passar essa falha àqueles que estão em formação…
Somos complexos em demasia. E essa complexidade acaba por tornar nossas ações mais difíceis de se enquadrar. E por que? Bem, a explicação lógica é que, embora saibamos que muitas vezes agimos errado, por não termos recebido no passado um exemplo de como proceder corretamente diante de uma situação social, acabamos por repassar essa nossa falha àqueles que seriam a esperança de uma geração mais próxima do esperado para uma Sociedade perfeita… infelizmente, a perfeição não existe…
Um dia conseguiremos mudar nossa forma de agir? Espero que sim. Espero que chegue o dia em que os conselhos que repassarmos aos nossos pequenos correspondam cem por cento a nossa maneira de agir. É um longo caminho, eu sei. E, além de longo, perigoso… porque, muitas vezes na ânsia de acertarmos, acabamos por exagerar na dose, enfiando os pés pelas mãos… mas será o dia mais lindo de nossa vida quando nossas ações realmente corresponderem ao que falamos…
A esperança do mundo são nossos pequenos. Que o Altíssimo nos dê discernimento para, não só ensinarmos a estes a diferença entre o certo e o não tão certo, mas também vivermos essa verdade junto a eles. Com certeza, haverá mais Amor e Compreensão entre as pessoas quando esse dia chegar…