Feira Ecológica, ponto de rotina sagrada

Um dos meus lugares favoritos em Porto Alegre sempre foi a Feira Ecológica do bairro Menino Deus. Quando eu morava na cidade, essa era uma rotina sagrada: todos os sábados de manhã eu acordava cedo para caminhar até lá e encher minhas sacolas de frutas, verduras e legumes livres de agrotóxicos. Era mais do que uma compra semanal. Era um ritual que me conectava com a cidade, com as pessoas e comigo mesma.

Eu já disse algumas vezes que gosto de feiras. Esse gosto eu herdei do meu pai, que me ensinou a enxergar nelas muito mais do que um espaço de comércio. Ele me mostrou que feira é encontro, é cultura, é vida em movimento. Talvez por isso a Feira do Menino Deus sempre tenha me parecido um pedaço de lar.

Ali, entre bancas e cheiros de temperos frescos, eu sentia uma sensação de aconchego. Gostava de cumprimentar os feirantes, a maioria produtores rurais que vinham direto do campo para oferecer o que tinham cultivado com tanto cuidado. Também me encantava observar os clientes fiéis, que como eu estavam sempre lá, sábado após sábado, formando uma comunidade silenciosa de pertencimento.

A Feira do Menino Deus é casa. É um lugar em que o tempo parece correr mais devagar, em que a vida se mostra no seu ritmo simples e essencial. Para mim, voltar lá sempre será reencontrar esse pedacinho de aconchego no meio da cidade.