Curta nossa página


No topo do mundo?

Flamengo derruba a Pirâmide e já prepara passeio na Torre Eiffel

Publicado

Autor/Imagem:
José Seabra - Foto Divulgação/CRF

O futebol brasileiro voltou a fazer aquilo que sabe desde que o mundo é mundo e a bola resolveu ser redonda: impor hierarquia. Neste sábado, 13, o Flamengo não apenas venceu o Piramyds, do Egito. O Flamengo explicou o futebol ao adversário, derrubou a pirâmide pedra por pedra e carimbou o passaporte para a final da Copa Intercontinental de Clubes, no Catar. Próxima parada um passeio entre parisienses. Ou, pelo menos, a Torre Eiffel metafórica onde o PSG espera, de boina imaginária e ar blasé.

O duelo tinha um quê de aula prática. De um lado, a escola africana, vibrante, física, orgulhosa de sua disciplina tática. Do outro, o futebol profissional brasileiro em seu estado mais puro: toque, malícia, paciência e aquele instante em que a bola obedece mais ao talento do que ao manual. Quando isso acontece, não há pirâmide que fique de pé.

O Flamengo jogou como quem sabe que é herdeiro de uma tradição incômoda para o resto do mundo. A mesma equipe que há poucos dias levantou a Libertadores da América, como quem já conhece o ritual, entrou em campo com a naturalidade de quem não precisa provar nada — mas prova assim mesmo. O resultado foi um jogo controlado, resolvido sem alarde, desses que parecem fáceis apenas depois que acabam.

Antes disso, o rubro-negro já havia vencido o chamado Derby das Américas, despachando o Faixa Azul do México com a frieza de quem cruza fronteiras sem mostrar o passaporte. O recado estava dado: o continente tem dono. E, ao que tudo indica, a intercontinentalidade também.

Agora, o Flamengo se prepara para o passeio mais simbólico de todos. Não é turismo, é ocupação cultural. A Torre Eiffel que se avizinha não é de ferro — é de expectativa europeia. O PSG, representante do futebol-empresa, do marketing global e das cifras astronômicas, terá pela frente um clube que carrega arquibancada, bairro, memória e uma certa insolência tropical que costuma desorganizar protocolos.

Se o futebol fosse apenas lógica financeira, o jogo nem precisava acontecer. Mas como ele insiste em ser arte, caos e narrativa, o Flamengo chega à final não como figurante exótico, e sim como protagonista inconveniente. Um clube que sai da Gávea, passa pelo México, derruba uma pirâmide no deserto e agora caminha, de chuteiras, rumo a Paris.

Afinal, quando o futebol brasileiro resolve lembrar quem é, o mundo que trate de aprender de novo. Meu sonho é o Vasco chegar lá. Mas, para isso, precisa deixar para trás Fluminense, Corinthians ou Cruzeiro, e enfim vencer a Libertadores.

………………….

José Seabra é Diretor de Notibras

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.