Jogo sujo
Flerte passou, mas Centrão ainda insiste em segurar a teta já seca do “touro”
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A política tem pelo menos duas caras. Uma nada tem a esconder e se expõe aos olhos do público, enquanto a outra transita sombriamente nos bastidores do poder. Em qualquer lugar do mundo, a oposição faz parte do jogo político. No Brasil, também deveria ser assim, mas não é. Aqui o jogo é sujo, jogado às escondidas e, a pretexto de se opor ao governo central, sempre contra o país e sua população. Considerando que o eleitor se aculturou de 2018 para cá, é desnecessário afirmar que o Centrão é o cancro político da nação.
Reduto de maldades contra tudo e todos que atravessam o caminho de seus morubixabas, o Centrão é o atraso registrado e com firma reconhecida em cartório. Não custa lembrar que, unidos pela causa bolsonarista, PP, PL, União Brasil, PSD e Republicanos literalmente cospem na cara dos trabalhadores. Eleitoralmente votaram a favor da redução do Imposto de Renda, mas, debochadamente, rejeitaram a proposta federal de taxar as bets, as fintechs e os bancos. Tudo para impedir que o governo de Luiz Inácio arrecade mais recursos para futuros investimentos e, principalmente, para zerar as contas públicas.
Como os líderes e a maioria dos integrantes dos partidos que compõem o Centrão comem bem, eles sempre acham que o Executivo gasta muito em política social. Para eles, o povo come mais do que precisa. Vem daí o desprezo deles com os menos favorecidos. Perdidos no tempo, no espaço, atolados no que expelem de baixo para cima e com base nessa tese bestial, a maioria só trabalha em defesa dos próprios interesses. Essa é a razão pela qual o Brasil não decola.
Para barrar a taxação de aplicações financeiras e apostas esportivas, a desculpa esfarrapada do Centrão é que, arrecadando muito e aparecendo demais, o presidente Lula ofuscará a direita e suas pretensões criminosas e ridículas de se apoderar do poder. Felizmente, o Centrão pode muito, mas não pode tudo. À beira de um ataque de nervos, respirando por aparelhos e bem próximos dos cuidados meramente paliativos, os caciques do bloco da sacanagem tentam de tudo para minar o Lula 3.
Não conseguirão. Muito pelo contrário. Os últimos números levantados e divulgados pelos institutos de pesquisa vêm mostrando quem é quem. Enquanto Luiz aparece, Jair Bolsonaro desaparece. Mesmo assim, deputados e senadores da bancada do mito insistem em acreditar nos milagres dos céus. Tidos como exemplares do chamado gado com pedigree, esses patéticos e minguados parlamentares sequer desconfiam do tamanho e do peso de suas insignificâncias.
Como filhos bastardos de Jair Bolsonaro, eles parecem enroscados nas tetas de uma vaca mitológica cujo leite faz tempo já secou. Ou seria um touro? Eles sabem disso, mas continuam à espera de um milagre. Tanto sabem que a promessa do União Brasil e do Progressistas de entregar ministérios ficou pelo caminho. Eles sabem também que a reeleição de Lula em 2026 deixou de ser possibilidade. A realidade ficou ainda mais evidente depois do até então improvável apoio da própria direita. O Centrão não admite, mas o deputado Eduardo Bolsonaro é hoje o principal cabo eleitoral de Lula lá.
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Sonja Tavares é Editora Política de Notibras