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Francenilde, a bebê

Francineide, Francinaldo e o sorriso banguela da filha

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Francineide e Francinaldo, casados há pouco mais de cinco anos, faziam questão de manter viva a chama da paixão. Era beijinho daqui, afago dali, até mesmo uma mão-boba acolá. Coisas de gente repleta de furor.

Aqueles dois nem pensavam em ter filhos. Mas eis que, numa linda manhã de meados de dezembro, Francineide acordou decidida a ser mãe. Sorriu aquele sorriso impossível de resistir, enquanto o marido ainda despertava para mais um dia de trabalho. Não deu outra. Francinaldo chegou tarde ao serviço naquele dia, mas nada que uma desculpa esfarrapada não pudesse ser usada. Bastava uma boa dose de óleo de peroba para passar naquela cara de pau.

Para surpresa da mulher, as regras não vieram logo no mês seguinte até que, já nos primeiros dias de setembro, chegou ao mundo a menina mais linda, que, obviamente, teria que receber um nome à altura: Francenilde. Parece que a garotinha adorou, pois não parava de sorrir aquele sorriso repleto de gengiva e nenhum dente sequer.

Os primeiros dias foram todos dedicados à Francenilde, que, afinal, exigia atenção mais que redobrada dos pais. Hora de mamar, hora de dormir, hora de trocar a fralda. De novo? Sim, pois a pequenina não sabia nem engatinhar, quanto mais usar o penico.

Cólica, banho, choro bem cedinho. Ah, choro na hora do almoço. Solta o garfo e vá ver o que está acontecendo com a Francenilde. Ih, esse choro é de cólica. Não, não, acho que é de fome. Sabe de nada, Francinaldo. Isso é porque a fralda está cheia. Vá trocá-la, pois estou exausta.

Apesar da correria, Francineide e Francinaldo estavam cada vez mais apaixonados pela filha. Mas como é que não fica apaixonado por criatura mais fofa? Impossível!

Os meses fizeram com que Francenilde crescesse e ficasse cada dia mais participativa. Ela não queria agora só dormir e comer. Ah, não mesmo! Queria atenção de todos, que precisavam brincar com a guria. No entanto, aquele fogo entre Francineide e Francinaldo havia voltado. O problema era arrumarem tempo para se amarem.

Pois o que aconteceu foi justamente numa manhã de março, quando, por um desses milagres mais raros do que gaúcho que não gosta de chimarrão, eis que aquele bebê dormia o sono mais profundo. Foi o gatilho para que Francineide lançasse aquele olhar de desejo sobre Francinaldo, que logo entendeu.

Trataram de se atracarem como dois famintos diante de um banquete. Era mão daqui, aperto dali, beijo acolá e tantas coisas mais acontecendo debaixo daqueles lençóis. Quanto desejo represado! Até que a mulher, com aquele instinto de mãe, resolveu dar uma espiadinha na filha, que estava no berço ao lado. Para espanto de Francineide, a menina, assim que avistou o rosto da mãe, sorriu aquele cativante sorriso banguela.

— Oi, filhinha! Acordou? Mamãe já estava com saudade!

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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