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Francisco faz discurso no Capitólio e pede fim da pena de morte em todo mundo

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No primeiro discurso de um pontífice na história do Congresso norte-americano, nesta quinta-feira (24), em Washington, o papa Francisco defendeu abertamente, diante dos parlamentares, a ajuda aos imigrantes e o fim da pena de morte do mundo.

Os dois temas rendem polêmica localmente; a questão da imigração de mexicanos aos EUA, por exemplo, é uma das mais debatidas pelos pré-candidatos à Presidência em 2016, principalmente após Donald Trump, líder das pesquisas entre os republicanos, afirmar que construiria um muro separando o país do México e deportaria os imigrantes ilegais caso fosse eleito.

Já a pena de morte ainda é legal em 31 dos 50 Estados norte-americanos, representados por grande parte dos congressistas que ouviram a fala do pontífice nesta quinta.

Francisco, que nasceu na Argentina, se referiu aos EUA como a “terra dos sonhos” antes de iniciar o trecho onde defendeu a solidariedade aos imigrantes.

“Em tempos recentes, milhares de pessoas vieram a essa terra para perseguir o sonho de construir um futuro em liberdade. Nós, pessoas desse continente, não temos medo de estrangeiros, porque um dia fomos estrangeiros”, disse o papa, recebendo aplausos.

“Digo isso como um filho de imigrantes, sabendo que vários de vocês também descendem de imigrantes”, completou. Em seguida, o papa falou da crise de refugiados no mundo, “a maior desde a Segunda Guerra Mundial”, e voltou a citar a situação norte-americana.

“Nesse continente, também, milhares de pessoas são levados ao norte em busca de uma vida melhor, em busca de oportunidades. Não é o que queremos para nossas crianças? Não devemos nos ater a números, e sim vê-los como pessoas, olhar para seus rostos e ouvir suas histórias, tentando reagir da melhor maneira possível em cada situação. De uma maneira humana, justa e fraternal.”

“Devemos evitar uma tentação comum nos dias de hoje: descartar tudo que se mostra problemático. Vamos lembrar da Regra de Ouro: ‘Faça aos outros o que vocês querem que eles lhe façam”, disse, citando uma passagem da Bíblia.

Pena de morte
Em seguida, o papa falou contra a pena de morte, aplicada em diversas nações do mundo, além de 31 dos 50 Estados norte-americanos.

“Essa convicção [de defesa da vida humana] me levou, desde o início, em defender a abolição global da pena de morte. Estou convencido que essa é a melhor maneira. Toda vida é sagrada. A sociedade pode se beneficiar da reabilitação daqueles que cometeram crimes.”

Ele também falou sobre a defesa recente que bispos norte-americanos fizeram em favor da abolição da pena de morte. “Eu não apenas os apoio como encorajo todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a esperança e a meta de reabilitação.”

Extremismo
Antes, no começo do discurso, o papa Francisco havia alertado para o “equilíbrio delicado” entre lutar contra extremistas e preservar as liberdades religiosas.

“Sabemos que nenhuma religião está imune a formas de delírios individuais ou extremismo ideológico. Isso significa que devemos ficar especialmente atentos a qualquer tipo de fundamentalismo, seja religioso ou de qualquer outro tipo”, afirmou o papa ante os congressistas.

“Um delicado equilíbrio é necessário para combater a violência cometida em nome de uma religião, uma ideologia ou um sistema econômico, enquanto também devemos salvaguardar as liberdades religiosas, intelectuais e individuais”, afirmou ainda.

“Mas há outra tentação que deve ser especialmente enfrentada: o reducionismo simplista que vê apenas bom ou mau; ou, se preferirem, os justos e os pecadores. O mundo contemporâneo, com suas feridas abertas que afetam tanto nossos irmãos e irmãs, exige que confrontemos toda forma de polizarização divida nesses dois campos.”

Após o discurso, que foi muito aplaudido em diversas ocasiões, o papa apareceu no balcão do Capitólio, onde fez uma bênção em espanhol às centenas de pessoas reunidas adiante. Como de praxe, ele pediu aos que não creem que lhe mandassem “boas vibrações”.

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