Piauí
Furtos de cabos disparam e semáforos vivem apagão
Publicado
em
Um aumento expressivo nos casos de furto de cabos elétricos no Piauí, especialmente na capital Teresina, está causando falhas em semáforos de vias movimentadas, segundo autoridades e a distribuidora Equatorial Piauí. O problema gera risco de acidentes, congestionamentos e insatisfação entre pedestres e motoristas.
Nos primeiros seis meses de 2025, a Equatorial Piauí realizou 74 operações para coibir furtos de cabos e de outros componentes da rede elétrica, em parceria com a Polícia Civil e Militar. 
Segundo a distribuidora, esse crime tem efeitos diretos sobre a infraestrutura urbana, pois danifica não apenas linhas de transmissão, mas também sistemas essenciais de sinalização viária.
Relatos e fiscalizações apontam que, em algumas das principais avenidas de Teresina, o furto de cabos tem levado a falhas em semáforos. A retirada dos fios compromete a alimentação elétrica desses dispositivos, o que acaba por deixá-los “apagados” ou sem funcionamento, gerando risco para motoristas e pedestres.
Com os semáforos desativados, cruzamentos que deveriam ter controle de tráfego se tornam mais perigosos. Pedestres relatam dificuldade para atravessar avenidas, enquanto motoristas dizem já ter observado “um vai-e-vem” caótico, sem a coordenação habitual da sinalização. A falta de luz nos sinais também tem favorecido infrações de trânsito e aumentado a tensão nas ruas.
Além do risco de acidentes, a população sofre com o impacto no tempo de deslocamento — cruzamentos desorganizados geram maior tempo de espera e lentidão no tráfego, especialmente nos horários de pico.
Em resposta às ações criminosas, a Equatorial tem reforçado a cooperação com forças policiais. No primeiro semestre de 2025, as 74 operações já resultaram em 35 prisões relacionadas a furtos de cabos e estrutura elétrica.
Também faz parte da estratégia uma campanha educativa chamada Operação Equi-Cobre, que visa sensibilizar a população sobre os riscos desse crime e a importância de denunciar.  A ação inclui visitas a sucatas para alertar comerciantes sobre a venda ilegal de cabos, que muitas vezes são produtos de furto.
Autoridades estaduais também buscam aumentar as penalidades: uma comissão na Câmara dos Deputados já aprovou proposta com penas maiores para crimes contra redes de energia e telecomunicações, incluindo furto e receptação de cabos.
Paralelamente às operações policiais, o Instituto de Metrologia do Estado do Piauí (Imepi) vem fiscalizando lojas de cabos e fios elétricos. Em uma operação recente, mais de 70 rolos de cabos irregulares foram apreendidos em Teresina e outras cidades.
De acordo com o Imepi, os testes feitos nos fios apreendidos verificam a qualidade do material, incluindo a quantidade de cobre — pois muitos cabos circulando no mercado são de baixa qualidade e representam um risco sério: podem superaquecer e provocar curtos-circuitos.
O prejuízo causado pelos furtos é grande. Segundo a Equatorial, mais de R$ 2 milhões já foram perdidos nos últimos anos por conta de furtos de cabos e danos à rede elétrica.
Para a distribuidora, a recomposição da rede – substituindo fios furtados ou danificados – consome recursos que poderiam ser investidos em melhorias para a população. Além disso, o crime põe em risco vidas: mexer em rede elétrica sem capacitação pode causar acidentes graves.
Esse surto de furtos de cabos revela uma problemática que vai além do crime: envolve segurança no trânsito, integridade de infraestrutura urbana e responsabilidade social. As ações conjuntas entre concessionária, polícia e órgãos de fiscalização são consideradas essenciais, mas especialistas apontam que só a repressão pode não bastar — é necessário investimento em prevenção, conscientização e políticas mais duras para coibir a receptação desses materiais.
Enquanto isso, motoristas e pedestres seguem convivendo com semáforos inoperantes, cruzamentos mais perigosos e um trânsito cada vez mais imprevisível.