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SOS Pirituba x Paulistano

Futebol de várzea vale mais que Copa do Mundo

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Recentemente recebi, aqui em Brasília, a visita do meu grande amigo Cleidson, mineiro de Visconde do Rio Branco, mas que mora em São Paulo há décadas. E, apaixonado por futebol que é, o meu camarada me contou algo que me pareceu mais história de pescador. Entretanto, para manter a amizade, resolvi lhe dar crédito.

A partida estava extremamente disputada entre o SOS Pirituba e o Paulistano. Aquilo ali valia muito mais que final de Copa do Mundo, pois na várzea as coisas ganham dimensões muito maiores. É a vida real e não aquelas imagens transmitidas pelas redes de televisão, com aquele glamour de uniformes impecáveis. Na terra batida, a bola corre rascante, as canelas não são de vidro, escudos puídos, números pendurados por um fio, chuteiras com pregos.

Os jogadores não vivem de jogar bola. No entanto, não há dúvida de que aquilo vai muito além da própria vida, tamanha a batalha em cada lance. Até mesmo o juiz se torna refém daqueles gladiadores. O apito é o grito mais alto. E ai do homem de preto cismar em puxar um cartão! Vai ter morte!!! Não há ambulância no local, mas uma funerária, logo ali na esquina, que sempre está de prontidão.

Fim de jogo! Apesar do sangue escorrendo de alguns, todos saíram vivos e, sedentos, foram tomar uma no botequim do Italiano. Discussão aqui, palavrões ali. Todos se misturavam naquele lugar, seja o padeiro, seja o dono do açougue, seja o ambulante da esquina, seja o policial do distrito, seja até mesmo o bandido da região. Tudo junto e misturado!

— Você é muito folgado, pirralho! – disse o policial.

— Sei que você tem um berro nessa sua mochila aí. Mas se você tentar colocar a mão nele, nem vou te dar um tiro na cara. Vou é jogar a minha pistola na sua testa pra tu aprender a me respeitar!

O medo tomou todo o corpo do policial. Entretanto, diante de tal desafio e sob os olhares de todos, tentou pegar a sua pistola na mochila. Coitado! Tomou uma coronhada na testa e caiu como uma jaca, O sangue correu em seu rosto, enquanto o ladrãozinho sorvia mais um gole da cerveja gelada.

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Eduardo Martínez é autor do livro ’57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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