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Nostalgia dos avós

Geração Z cai na real e troca smart por velhos aparelhos adaptados

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Mary Manley/Via Sputniknews - Foto Reprodução

Os telefones do passado podem se tornar os telefones do futuro. A tendência é que sejam substituídos por “Dumbphones”, inspirados na década de 1990 que vêm ganhando popularidade como alternativa aos smartphones.

A marca de cerveja Heineken e a varejista de moda Bodega colaboraram em um dumbphone próprio: o “Boring Phone” é um telefone flip translúcido que foi apresentado na Milan Design Week 2024, que aconteceu na semana passada.

O Boring Phone foi projetado com hardware externo translúcido, tela giratória e detalhes verdes. Andrey Tyukavkin, diretor executivo da agência de branding por trás da campanha, disse que o telefone foi criado para “fornecer o básico para uma ótima noite fora”, como enviar mensagens de texto e ligar – sem as distrações típicas de um smartphone.

O telefone tem até aplicativo de e-mail, mas não tem memória para receber e-mails reais, o que abre “espaço” para a vida social do usuário, diz Tyukavkin. O telefone inclui outros aplicativos que incentivam o usuário a parar de usar o telefone, incluindo um App que induz a conversar com um bartender.

No começo parecerá difícil conseguir o telefone, já que a Heineken e a Bodega produziram apenas 5 mil unidades e planejam distribuir por meio de competições, em vez de vendê-los.

“Outros recursos incluem lanterna, calendário, rádio FM e alarme. Há apenas alguns anos, isso era tudo que precisávamos para sair à noite, certo? diz Tyukavkin.

O boom dos dumbphones está sendo impulsionado por uma geração, especificamente. O analista de tecnologia do Portulans Institute descobriu que a Geração Z está preocupada com a sua privacidade quando está online e muitas vezes sente que os seus dados pessoais estão em risco.

“A Geração Z não vê a tecnologia da mesma forma que as outras gerações”, diz Tyukavkin. “O mundo em geral é levado a pensar que tudo está em constante melhoria e que todos precisam de se atualizar, mas a Geração Z tem uma visão melhor da tecnologia – antiga e nova – para ver o que a tecnologia está realmente fazendor pela sua vida”.

A desconfiança da Geração Z em relação aos dados – as tecnologias de captação de atenção com as quais cresceram – encorajou uma onda de produtos centrados na nostalgia, mesmo que a Geração Z não se lembre da pré-Internet (visto que nasceram entre 1997 e 2012).

“Sempre odiei estar disponível para todos”, disse um ex-funcionário financeiro de 29 anos, que hoje é produtor musical e rapper. “A ideia de que se você enviar um WhatsApp para alguém e ele não responder imediatamente, algo está errado. Já tive períodos em que tive um smartphone, mas sempre volto a ter um telefone portátil”.

O desejo de se desconectar da tecnologia e da desintoxicação também é mais aparente entre a geração mais jovem. A Geração Z é a única cujo tempo nas redes sociais diminuiu desde 2021. No entanto, como nove em cada 10 telefones são smartphones, a maioria dos dumbphones ainda permanece um item de nicho.

“Há evidências de que esta geração está modificando o comportamento dos smartphones, com preocupações em torno dos impactos negativos de estar constantemente conectado digitalmente”, disse Joe Birch, analista de tecnologia da empresa de pesquisa Mintel.

“Três em cada cinco membros da geração Z dizem que gostariam de estar menos conectados ao mundo digital, por exemplo”, frisa.

De acordo com um relatório de 2023, os pesquisadores descobriram que um adolescente médio recebe cerca de 237 notificações por dia e passa cerca de 4,5 horas em seu smartphone. Aqueles que usam seus telefones relataram até mesmo sentir dificuldade para gerenciar o uso do smartphone, apesar dos impactos negativos na saúde e na capacidade de atenção.

Mas Hannah Welan, coordenadora do Data Poverty Lab da instituição de caridade Good Things Foundation, aponta a dificuldade em reverter os nossos avanços na tecnologia, sugerindo que “a maioria dos serviços essenciais estão agora online – educação, cuidados de saúde, crédito universal”.

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