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Governo de Agnelo deixa diabéticos sem acesso a insulina

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A afirmação do ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa, candidato do PT à Câmara dos Deputados, em direito de resposta a Notibras, de que a área que ele comandou teve resgatada a credibilidade da sociedade, parece sem fundamento.

Ao menos é isso o que demonstra reportagem do Jornal de Brasília, edição desta terça-feira 5. Um exemplo claro do descaso: o pobre, que não tem dinheiro para comprar insulina, não encontra o produto nas farmácias da secretaria.

Leia a matéria, assinada por Carla Rodrigues:

Pacientes  diagnosticados com diabetes afirmam que o principal medicamento para o controle da doença, a insulina, está em falta nas farmácias populares e unidades de saúde do Distrito Federal.  Ao tentarem pegar o remédio Humalog, que deve ser oferecido gratuitamente aos portadores da disfunção, funcionários da Secretaria de Saúde informaram que está em falta. O motivo? A insulina ainda estaria em processo de compra. O atraso teria acontecido por conta de problemas na renovação de contrato com o fornecedor.

“A gente só pode pegar o remédio de 30 em 30 dias exatamente. E a informação que me passaram na Unidade Mista de Saúde, em Taguatinga, é de que o desde o dia 3 do mês passado, quando eu busquei pela última vez, o medicamento está em falta. Agora, meu filho precisa do remédio. É um direito dele que estão tirando. E ninguém dá uma explicação razoável. Me disseram lá que por problemas na renovação de contrato, a insulina está em falta. E eu faço o quê?”, desabafa a professora Magda Cambraia, de 44 anos, mãe de Victor Hugo, menino de nove anos que precisa da insulina para controlar a diabetes.

A Secretaria de Saúde, no entanto, contesta as informações. De acordo com o órgão, o processo de compra do Humalog realmente está em andamento. “Porém, existem medicamentos disponíveis na rede para substituí-lo sem danos ao tratamento. Os pacientes que, porventura, se encontrem nesta mesma situação, devem procurar o médico e solicitar a prescrição de um dos medicamentos que estão disponíveis nas farmácias do GDF e que atuam como substitutos”, respondeu a assessoria de imprensa da instituição.

Questionada sobre quais os nomes dos medicamentos que substituem a fórmula,  a pasta disse que o setor responsável já estava fechado e a informação não poderia ser repassada. Além disso, afirmou que os pacientes deveriam ter sido avisados sobre as outras possibilidades de tratamento da doença, que ainda não tem cura: “Essa informação deve ser repassada pelo próprio centro de saúde”. A reportagem também tentou  falar com a  Coordenação Central de Diabetes do DF, mas as ligações não foram atendidas.

O Humalog é indicado no tratamento de pacientes com diabetes mellitus que necessitam de  insulina para o controle das taxas de glicose no sangue.  O medicamento tem ação rápida para o controle da alta  quantidade de açúcar no sangue. De acordo com especialistas, os efeitos começam aproximadamente 15 minutos após a sua administração. De acordo com a  Lei  11.347/2006, o paciente com diabetes tem direito a receber gratuitamente medicamentos e insumos destinados ao monitoramento da glicemia capilar, desde que inscrito em programas de educação para diabéticos. Da mesma forma, também é garantido pela legislação o diagnóstico e trata mento do diabetes nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).

Outra paciente diagnosticada com diabetes é a consultora de comunicação Débora Souza, 28 anos, que está grávida de oito meses. De acordo com ela, a justificativa na Farmácia Escolar da Asa Norte também foi a mesma. “Eles disseram que aconteceu um problema com o fornecedor, algo com a renovação de contrato, e informaram que não tem prazo para o medicamento chegar”.  Preocupada com a situação, ela disse: “Muitas coisas ruins podem acontecer, meu bebê pode ter obesidade infantil e eu posso até abortar por conta disso. E olha que eu ainda tenho condições de comprar, se for o caso. Mas, e quem não tem? Como essa pessoa vai fazer?”, questiona.

Para ela, a situação retrata o descaso com a rede pública de saúde. “Estou realmente sem saber o que fazer. Porque é um direito meu, que deveria estar garantido. Desde que eu descobri ter diabetes, há 15 anos, muita coisa evoluiu no SUS. Nunca passei por nada parecido e não imaginava que isso poderia acontecer agora. Vai atrapalhar todo meu orçamento. Eu tomo o remédio sete vezes por dia. A cada refeição que eu faço, preciso tomar”, desabafa.

A consulta explica  que a insulina controla as taxas de glicose no seu sangue. “Toda minha saúde, o equilíbrio da minha qualidade de vida, depende disso”, completa.

Assim como ela, o pequeno Victor Hugo também toma o medicamento todos os dias, a cada refeição. “Como ele é criança, o controle é ainda mais difícil.  A gente descobriu a diabetes na vida depois de ele ter experimentado várias coisas gostosas. É muito complicado, é uma vida cheia de limitações. É uma doença perigosa sim, mas que tem controle. E o controle é esse, é feito com a insulina. Já liguei para a médica dele para vermos uma solução. A última dose dele termina hoje, estou desesperada. Se ele não toma, pode ter várias reações. Ele sente dores na perna e pode dar até cegueira. Ou seja, se ele ficar sem esse remédio, vou ter que interná-lo”, lamenta a mãe, Magda Cambraia.

Na Unidade de Saúde Mista de Taguatinga, o chefe do Núcleo de farmácia, José Alcenor, deu a mesma justificativa. “O que eu sei é que tivemos um problema com o fornecedor, mas o medicamento está em processo de compra sim”, disse. Ele também não soube dizer se há prazo para a distribuição.

Quem descobriu a doença há tempo afirma: a diabetes é silenciosa e perigosa. Hoje, estima-se que 165 mil pessoas do Distrito Federal sofram com a elevação de glicose no sangue, entre elas crianças, adultos, gestantes e idosos. Segundo a Secretaria de Saúde, os diabéticos do tipo 2 são geralmente acompanhados pelo clínico do Centro de Saúde, em consultas de três em três ou de quatro em quatro meses. Já os do tipo 1 devem ser acompanhados pelo endocrinologista. As gestantes são geralmente encaminhadas para acompanhamento no Alto Risco de um hospital da rede SES.

“Para adquirir medicamentos e insumos na SES o usuário deverá ser cadastrado no Programa de Diabetes. O cadastro pode ser feito em qualquer Unidade Básica de Saúde. Os medicamentos e insumos são distribuídos pela Secretaria de Saúde do DF nas farmácias dos Centros de Saúde, próximas à residência do usuário, mediante receita do médico ou enfermeiro, em duas vias”, informou ainda o órgão.

O paciente pode apresentar perda de peso, visão turva, possível hálito adocicado, fraqueza e desânimo; ele também passa a beber muito líquido e a urinar com mais frequência.

De acordo com especialistas, a orientação é de que  na presença de um desses sintomas, o paciente procure a unidade básica de saúde mais próxima da  residência para comprovar o diagnóstico.

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