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Mar de lama

Governo Lula 3 afunda 57% e não vê uma boia para evitar o naufrágio

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo

Por estes dias de junho, navegando sem bússola e com o casco todo remendado de escândalos, o navio chamado Brasil vai à deriva. No convés, o velho capitão Lula — de barba rala, olhar cansado e discurso reciclado — tenta convencer a tripulação de que ainda estamos em mar de almirante. Mas os ratos já se jogam nas águas turvas, e até as gaivotas parecem rir.

Divulgada nesta quarta, 4, a pesquisa Genial/Quaest, essa espécie de farol estatístico que insiste em acender verdades incômodas, revelou o que todo marujo já cochicha nas esquinas: 57% da população desaprova o governo. E não é qualquer desaprovação, não. É daquelas com cheiro de bolor, que sobe das entranhas da embarcação e gruda nos porões do poder.

O mais espantoso, porém, não é a tempestade — que já era previsível — mas o silêncio da bússola. Entre os pobres, fiéis escudeiros do petismo de outrora, agora há um empate técnico entre os que ainda acreditam no comandante e os que já estão prontos para pular fora. A revolta dos botes salva-vidas: 50% a favor, 49% contra. Isso num eleitorado onde Lula reinava com o fervor de um santo popular. Em julho do ano passado, eram 69% de aprovação. Agora, parece que São Lula perdeu o milagre e virou mártir de si mesmo.

“Mas a economia está melhorando!”, gritam os grumetes do Planalto, segurando gráficos como se fossem boias infláveis. De fato, menos gente acha que tudo piorou. Só que, curiosamente, a impopularidade subiu. Como explicar? Fácil: há um iceberg de cinismo flutuando à vista.

E no topo dele, reluzente como um broche de escândalo, está o caso do INSS. Descontos indevidos, aposentados lesados, e um jogo de empurra entre gestões que mais parece teatro de comédia pastelão. Lula aponta para Bolsonaro, Bolsonaro aponta de volta, e o povo, sem dedo para apontar, aponta para ambos — ou apenas afunda em silêncio.

O dado mais cruel é que a pergunta foi espontânea. Ninguém induziu ninguém. Simplesmente perguntaram quem era o responsável pelo escândalo, e um terço respondeu: “Lula”. A gestão atual, segundo os próprios dados, viu os descontos indevidos atingirem os maiores índices. Quando o bote fura no seu turno, não adianta culpar o marinheiro anterior.

No meio desse vendaval, Lula gesticula, fala em amor, democracia, conciliação. Mas o romantismo político se dissolve no sal da realidade. Porque governar não é discursar de cima do mastro; é consertar o leme, tapar os buracos, acalmar os ânimos da tripulação.

O problema é que o navio já está inclinado demais. A cada nova pesquisa, o mar sobe mais um palmo. E nem boia o governo tem. Fica a impressão de que Lula, marinheiro veterano, esqueceu que a água não respeita currículo.

É uma triste realidade. Seguimos com um presidente que fala como se navegasse em águas tranquilas, mas que escorrega a cada passo, como quem dança forró num convés ensaboado. Só resta saber quem será o próximo a cair ao mar — e se alguém vai jogar a corda.

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José Seabra é diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras

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