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Fisiologismo político

Governo Lula vai fazer lembrar Deus e o Diabo na Terra do Sol

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Autor/Imagem:
Pretta Abreu - Foto Reprodução

Os ânimos começam a serenar em Brasília, e o quadro político que dará novas cores ao Brasil pelos próximos quatro anos, se desenha em rodas de café onde analistas políticos – e os próprios políticos – avaliam o que virá por aí. É como o enredo de Glauber Rocha em Deus e o Diabo na Terra do Sol. O povo dirigirá o espetáculo. Os coadjuvantes serão os eternos defensores do fisiologismo político.

Bolsonaro, evangélico de ocasião e mito assim apelidado sabe-se lá por quê por seus seguidores, vai encarnar, até 31 dezembro, a figura do beato Sebastião. Lula – este sim, em quem seus eleitores apostam alto -, mesmo antes de subir a rampa do Planalto, em 1º janeiro, resgatará o vaqueiro Manuel.

Lula Manuel (não custa lembrar que vaqueiros, de maneira geral, têm o Silva no nome) não se revolta contra o coronelismo do agro que pulula pelo País. Mas, para acabar com a exploração, matará a todos politicamente. Vão comer um grão amargo que brota quando a terra está no cio.

Será um governo de terceiro turno. Os presságios em cores negras sugerem que haverá mortes. Lula, então, passa a ser ainda mais perseguido por uma turba de travestidos jagunços bolsonaristas. Evangélicos com assento no Congresso Nacional, de olho em um dízimo maior, subirão ao púlpito e pregarão paz.

Com mais uma morte, Janja Rosa pega o marido pelo braço e os dois somem na poeira. Mensagens de Tio Sam chegam aos quartéis. A ordem é conter Antônio das Mortes, matador de aluguel a serviço de latifundiários. Por fim a poeira se dissipa, e vê-se Lula Manuel e Janja Rosa voltando a passos firmes. Sobre eles, uma estrela de brilho intenso.

O cenário é esse, bem pragmático. Rei morto, rei posto. Líderes do Centrão farão afagos à esquerda, sacramentando o resultado das urnas. Glauber, inconscientemente, previu tudo isso. E a borra no fundo da xicara de café, segundo os místicos, está aí para provar.

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