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Mais livros

Governo quer retomar políticas públicas para leitura

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Sonja Tavares - Foto Fernando Frazão

Em uma comparação média com outros países, o brasileiro costuma ler somente cerca de quatro livros por ano, enquanto os canadenses leem 12. A falta de hábito de leitura dos brasileiros está relacionada principalmente a aspectos culturais. Por exemplo, a cultura da oralidade predomina sobre a escrita. Além disso, falta incentivo por parte das entidades governamentais.

Curiosamente, a Bíblia e demais livros religiosos dominam a preferência de pouco mais das metade da população do Brasil que ainda lê com relativa frequência. Capital da Paraíba, João Pessoa é a cidade com maior índice (64%) de leitores per capita, seguida da perto por Curitiba (63%), Manaus (62%), Belém (61%) e São Paulo (60%).

Nos últimos quatro anos, o país perdeu 4,6 milhões de leitores, em uma queda puxada especialmente pelos mais ricos. Para tentar reverter este triste cenário, o governo do presidente Lula quer dar a volta por cima e novamente fazer do Brasil uma nação leitora.

O desafio é grande, mas, conforme Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, o primeiro passo foi dado por Lula na campanha, quando ele priorizou os livros em lugar das armas e mais bibliotecas e menos clubes de tiro. Segundo Fabiano, a formação leitora dos brasileiros é uma das prioridades da gestão. Reduzida a uma diretoria dentro da Secretaria de Economia Criativa durante o governo Bolsonaro, a pasta recupera agora um grau institucional maior.

Uma das prioridades da atual Secretaria é implementar o Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), de forma articulada com o Ministério da Educação. O PNLL trata de diretrizes básicas para a democratização do acesso ao livro e para o fortalecimento de sua cadeia produtiva. “Nós estamos com um grupo técnico específico para a construção desse PNLL. Uma das linhas é a implementação e a modernização de bibliotecas públicas e rede escolar”.

Em recente entrevista à EBC, estatal de notícias, Fabiano Piúba disse que é preciso modernizar o conceito de biblioteca. “Ela deve ser vista como um dínamo cultural, conforme diz a Unesco, não como um depósito de livros”. Uma das ideias é a implementação das chamadas Bibliotecas Parque, atualmente em fase de estudo. Criadas na cidade colombiana de Medellín, esses espaços são centros culturais que desenvolvem diversas atividades educativas e lúdicas, com forte envolvimento da comunidade.

Outro desafio da Secretaria é recuperar as bibliotecas públicas fechadas nos últimos. De acordo com o Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais de 2009, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, 1.152 municípios não contavam com esse tipo de aparelho cultural. “Em 2010, a gente zerou esse déficit. Isso era uma meta que estava vinculada à Presidência da República à época”.

Para Piúba, o fomento ao livro e à leitura deve ser pensado a partir da bibliodiversidade. “Uma política de aquisição e de atualização de acervos [para bibliotecas públicas] têm de compreender essa bibliodiversidade, isto é, uma diversidade regional, de editoras, mas compreendendo também que há autores e autoras independentes, além de uma diversidade cultural e étnica”. A proposta é que as aquisições de livros para bibliotecas públicas possam abranger obras variadas e não se concentrar apenas na produção de editoras da Região Sudeste, como costumava ser feito.

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