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Bom para o consumidor

Guerra de preços derruba custo do petróleo em 20%

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Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição

A Arábia Saudita decidiu reduzir em 10% seus preços de exportação de petróleo, no que pode ser o começo de uma guerra de preços contra a Rússia, mas com repercussões também na Venezuela, no Irã e até em empresas americanas do setor. Com a decisão, os preços de negociação internacional despencavam neste domingo, 8, com o barril do petróleo tipo Brent recuando 20,6%, a US$ 35,93, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres. Em Nova York (Nymex), o barril do óleo tipo WTI recuava 20,5%, cotado a US$ 32,82. É a maior queda desde 1991, ano da Guerra do Golfo.

A decisão saudita de cortar os preços foi uma retaliação à Rússia, que se recusou a participar de um movimento da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para reduzir a produção de petróleo e segurar os preços do produto, que estão em queda por causa da desaceleração econômica decorrente da epidemia do coronavírus.

A quebra de uma aliança de três anos entre o cartel liderado pela Arábia Saudita e a Rússia para segurar os preços pode ser temporária e fazer parte de um jogo de negociação. Mas, caso seja duradoura, executivos do petróleo dizem que não há nada para impedir que os preços alcancem os níveis mais baixos em pelo menos cinco anos.

Uma grande queda nos preços prejudicaria produtores de todo o mundo, principalmente da Venezuela e do Irã, cujas economias baseadas na commodity já estão sob pressão das sanções americanas.

O entrave poderia beneficiar o consumidor, mas um colapso prolongado dos preços aumentaria a pressão sobre as empresas petroleiras. Países em desenvolvimento que dependem de petróleo, como Nigéria, Angola e Brasil, também podem sofrer desacelerações econômicas significativas.

O primeiro grande impacto foi sentido pela própria Arábia Saudita. As ações da Saudi Aramco, empresa nacional de petróleo, caíram mais de 9% ontem. A Bolsa de Riad recuou mais de 8%.

Enquanto cortam os preços, as autoridades sauditas se preparam para aumentar a produção de petróleo para compensar a perda de receita. A China, maior importadora de petróleo, comprou o produto a preços baixos para estocá-lo.

A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo e produz cerca de 9,7 milhões de barris por dia, abaixo da sua capacidade de aproximadamente 12 milhões de barris. Se produzir mais petróleo a ajudará é outra questão.

Não há solução fácil para a situação que a Arábia Saudita e o resto da indústria do petróleo enfrentam. O mundo está inundado de petróleo, dizem os analistas, e a demanda provavelmente continuará em queda.

Estratégia
Tanto a Rússia quanto a Arábia Saudita parecem estar agindo pensando no curto prazo e com estratégias de risco. A Rússia ganhou influência política significativa no Oriente Médio, alinhando-se à Opep. Apoiar os preços do petróleo controlado por Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico também ajudou o governo do presidente Nicolás Maduro a sobreviver na Venezuela. Agora, os russos optaram por seguir sozinhos, recusando-se a fazer os cortes de produção propostos, talvez na esperança de minar os produtores de petróleo americanos.

Para a Arábia Saudita, a cooperação com a Rússia reforçou a influência da Opep em um momento em que está sendo ameaçada por um aumento na produção de petróleo americana, que transformou os Estados Unidos em um grande exportador pela primeira vez em décadas.

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