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Culpa de Biden?

Guerra na Ucrânia deixará loira gelada mais amarga

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Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição - Foto de Arquivo

Não se sabe ainda até onde os EUA estão dispostos a sufocar a economia internacional em nome de uma “punição” à Rússia pela operação especial na Ucrânia. Está cada vez mais claro que a estratégia de Washington, ao sancionar Moscou, não levará em conta os impactos econômicos sobre países emergentes, em especial na América Latina.

Os economistas Guilherme Haluska, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Paulo Casaca, do Ibmec, concordam com a avaliação de que diversos setores da economia brasileira serão duramente afetados pelas sanções norte-americanas e de seus aliados.

O segmento de fertilizantes já era alvo de grande preocupação, dada a importância do agronegócio para a economia do país. Agora, quem deve se preocupar é o setor cervejeiro.

Isso ocorre, segundo os economistas, porque a economia do Brasil depende da gasolina para o transporte de mercadorias pelo país, e o combustível fóssil está no epicentro das sanções que atingem o governo russo. Além disso, há outros insumos que também foram sancionados, impactando diretamente até mesmo no preço da “sagrada cervejinha” dos brasileiros.

Bebida alcoólica mais consumida no país, a cerveja teve em 2021 a maior alta de preços em sete anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As perspectivas para 2022 são pouco animadoras, porque as sanções dos EUA e de seus aliados pressionam os preços globais da cevada, do trigo, do milho e do malte.

Além disso, Rússia e Ucrânia respondem por 28% das exportações globais de cevada e Moscou é o terceiro maior fornecedor de malte ao Brasil. Para Guilherme Haluska, “o conflito na Ucrânia impactou nos preços dos cereais, como milho, trigo e cevada, e o preço dessas commodities nas bolsas aumentou. Com o aumento no preço dos grãos, a cerveja ficará mais cara”.

Assim como no caso dos fertilizantes, o Brasil também é dependente de importações para o desenvolvimento de sua indústria cervejeira. O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) estima que 78% da cevada e 65% do malte consumidos no país em 2021 vieram do exterior. O lúpulo, terceiro ingrediente central da cerveja, é praticamente 100% importado hoje.

Ao avaliar o cenário, Paulo Casaca foi mais incisivo e explicou que o “conflito na Ucrânia impactará o setor da cerveja, assim como todos os outros que fazem parte da indústria e do comércio nacional”. Para ele, o caso da cerveja é explicativo porque tem dois canais que justificam os aumentos de custos: “Os insumos que vêm da Rússia e da Ucrânia e o aumento da gasolina”.

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