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Apressado come cru

Gulodice da Terracap mata galinha dos ovos de ouro

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque

Por mais que tivessem sido avisados pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg (que deve disputar a reeleição) e seu escudeiro Júlio César, presidente da Terracap, fizeram vistas grossas e criaram, para vender a peso de ouro, duas quadras em Sobradinho.

Consequência: colocaram a mão em cumbuca. E como todo apressado, comeram cru. Por fim, foram pegos de calças curtas, com a decisão, do mesmo TCDF, de cancelar a licitação dos lotes das quadras 19 e 20.

Os moradores de Sobradinho estavam revoltados desde meados do ano passado com a criação desse ‘puxadinho’. Entre os argumentos da comunidade para condenar a expansão da cidade estavam a quase total ausência de segurança, escolas, transportes, serviços de infraestrutura… e a crise hídrica.

No Tribunal de Contas, os conselheiros foram advertidos por suas respectivas assessorias que a Terracap, com essa licitação açodada, estava passando com o carro na frente dos bois.  Com a desconfiança jogada sobre a licitude do processo, e a pressa em sua condução, o único – e acertado – caminho a tomar foi cancelar tudo.

No ano passado, após analisar a licitação que contrataria as empresas para fazerem os relatórios de impacto de vizinhança e os projetos executivos de drenagem pluvial e de pavimentação do novo “loteamento”, o Tribunal mandou corrigir os termos da Tomada de Preços 01/17 da Terracap que cuidava dessas contratações. Mas Júlio César, com sua postura de ‘imperador das terras de Brasília’, ignorou a ordem e, sem fazer as correções, continuou com o processo.

O que o presidente da Terracap não sabia – ou simplesmente fazia o papel de surdo e cego – é que o Tribunal de Contas, quando desconfia de prejuízos para os cofres públicos, ou mesmo supostas vantagens ilícitas para seus gestores, age rápido e mata dois coelhos com uma cajadada.

– Aqui não há macacos que engulam bananas dadas por Rollemberg e Júlio César. Nossas decisões são para valer. Se saiu a ordem de anulação (da licitação) era para acatar. E pronto. Principalmente quando há cláusula que contraria os princípios norteadores da administração publica, disse a Notibras um conselheiro, em tom de desabafo.

Agora, Júlio César, temendo maiores consequências, e com o receio de ser responsabilizado por essa nova tentativa de escapadinha, se apressou em anular a licitação e varrer para debaixo do tapete mais essa bola-fora do Governo de Brasilia. Mas, para aprender a fazer as coisas certas, deixou sobre sua mesa cópia do Processo 9987/2017-TCDF, que já está com as folhas gastas de tanto ser manuseado.

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