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Pule de dez

Haddad ‘é o cara’ para 2026; basta Lula descartar ser tetra

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Mathuzalém Júnior - Foto Antônio Cruz/ABr

Na publicidade e propaganda há uma estratégia antiga chamada teaser. O pessoal do marketing se utiliza desse recurso para o lançamento de novos produtos. Nos primeiros filmetes ou spots, os profissionais da área omitem a identificação do bem a ser produzido, de modo a provocar a curiosidade do público em torno de seu lançamento iminente.

No governo, a aprovação do Arcabouço Fiscal, da reforma tributária e da MP das Subvenções, que deve render aos cofres da União cerca de R$ 35 bilhões, é o recado ao mercado e ao eleitorado mais cristalino de que se tem notícia antecipada na política nacional.

Lembrando um teaser menos subjetivo, o presidente da República deixou bem claro que, na ausência de Flávio Dino e na remota impossibilidade dele mesmo disputar, o candidato do PT à Presidência da República em 2026 já está escolhido. Atende pelo nome de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, principal artífice da reforma tributária, aprovada após três décadas de discussão.

Diriam os mais pessimistas que ainda é muito cedo para se pensar em sucessão. É verdade. Todavia, em política nem sempre a carroça anda atrás dos bois. Como nada é impossível, sorte é para quem tem. É o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.

Haddad teve a dele em 2018. Perdeu por razões alheias à sua vontade e ainda mais alheias à normalidade de uma eleição. Se tiver uma segunda chance, dificilmente alguém tira dele o cargo máximo do país. Como Luiz Inácio foi um dia para Barack Obama, hoje Fernando Haddad é o cara até mesmo para Lula.

Reitero que a oportunidade a ser agarrada tem apenas uma ressalva: Lula da Silva. Se ele estiver apto, com vontade e coragem para um quarto mandato – o recorde absoluto para um político brasileiro – será pule de dez daqui a três anos.

Nesse caso, o ministro poderá ser vice ou aguardar que chova novamente em sua horta. Seria uma das maiores obras de Deus, pois estaríamos em 2030, com Bolsonaro recuperado de seu jubilamento político, mas desgastado, carcomido pelo tempo e certamente apodrecido pelo xilindró. Se até lá Jair ainda estiver vivo como homem público vai supostamente enfrentar um Haddad dez anos mais experiente e com muito mais capacidade para tirar de letra as fake news que surgirem pelo caminho.

No melhor dos cenários, o Supremo Tribunal Federal não terá mais Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Luiz Fux. No pior, permanecerão no plenário Luiz Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Cristiano Zanin e Flávio Dino se preparando para assumir a vice-presidência da Corte. Isto é, seja Haddad ou qualquer indicado por Lula o risco de conspiração ou sacanagem política será muito menor. Mantidas essas expectativas, o Brasil e os brasileiros estarão livres de mais um longo período de fiascos internos e de vergonha internacional.

Na hipótese mais tenebrosa, a deslumbrada ex-primeira-dama vai querer ser senadora, infelizmente com grandes chances de realizar o sonho de menina da Ceilândia. Apesar do ínfimo comprometimento eleitoral de sua população, o Distrito Federal não merece essa que será a pior das conspirações. Contar com duas mulheres terrivelmente desprovidas de conhecimento político – Michelle Bolsonaro e Damares Alves – seria o fim da picada.

Para nossa sorte, a maioria dos homens quer distância da moça e de quem a apoia. O país agradece penhorada e antecipadamente. Se é que ainda se lembra dos tristes tempos de dona de casa, que ela novamente se recolha aos afazeres do lar. O povo não aguenta mais um do clã no Congresso.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

 

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