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HD decifra vírus e vícios de 100 milhões para a publicidade do governo Rollemberg

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José Seabra

O mercado publicitário está prestes a conhecer os novos donos da conta de 100 milhões de reais do Governo de Brasília. Hélio Doyle, ex-chefe da Casa Civil de Rodrigo Rollemberg, conseguiu interpretar, com uma sutileza didática, os vírus e os vícios que cercam a concorrência. Decifrou uma rede obscura. Tocou no ponto nevrálgico e provou por A + B que para se receber bem, é preciso ter a casa arrumada.

HD mexeu num emaranhado que serve de escudo a uma cumbuca. Conhecedor profundo do que é o labirinto do Palácio do Buriti, ele admite que Brasília pode ser a médio prazo – pontuando governos no tempo; no próximo, quem sabe –, uma cidade turística. Mas alerta ser preciso disposição política e que se coloque a mão na massa. Do jeito que vai, não será tão cedo.

Essa interpretação transporta para a licitação de 1 milhão de garoupas. O mote é vender Brasília dentro e fora. Para a equipe responsável por analisar as propostas, o trabalho está sendo fácil. Nunca a máxima de que nada se cria, tudo se copia, esteve em evidência. Quem se debruça sobre os trabalhos apresentados sabe disso.

Se a decisão for técnica – embora a publicidade tenha se transformado em um veio de ouro de governantes –, quem mostrar que a cidade tem sangue na veia, leva. O que se sabe, porém, é que a frieza predomina. São campanhas criadas por gente de fora que sequer conhece Brasília. Ou que aqui esteve em fatídicos agostos, quando os termômetros caem à casa de 10º, se contrapondo à temperatura política no período, sempre em ebulição.

Um bolo de garoupas nunca é doce. Pelas próprias características do prato, os ingredientes usados por alguns dos pretensos comensais podem deixar o paladar salgado. E como há muitos interesses em jogo, muitos chefs estão armazenando água para jogar no chope.

A Propeg, uma grande agência, é alvo de adversários. Bené praticamente sepultou os sonhos do grupo comandado em Brasília por Lula Costa Pinto e Paulo Fona. Luciano Suassuna, dos quais é considerado amigo, tem pesos e medidas nas mãos. Mas será arriscado ao secretário de Comunicação de Rollemberg usar os dois simultaneamente. Deus não vê com bons olhos os adeptos de Mamon. Suassuna sabe disso.

Voltando ao HD. Os clichês do passado estão ultrapassados. Devem ser arquivados. É preciso criar uma atmosfera positiva para o público interno, dentro daquela ideia de arrumar a casa. Deixar de lado ‘o copiar’ o que ‘se criou’. É preciso observar o briefing. O governo é de Brasília, não do Distrito Federal, que ficou no pretérito.

Para que Brasília pulse, é preciso engajar a sociedade nos esforços de arrumação da casa. Uma das medidas seria abastecer com informações os benefícios que o turismo proporciona. O lado didático volta à cena, ressoa, para que o povo saiba que existe uma cadeia produtiva. Turismo é arte viva, é alegria. A frieza de peças mortas mata todo um projeto. Foi-se o tempo do mais do mesmo. O mais é mais. Isso basta.

A garoupa está fria, mas o glutão pode aquecer, sugere um vendedor de ideias. Ora, glutão que se preza já quer o prato pronto para ser degustado. Vender frivolidade é um conceito que não se permite admitir em tempos modernos. É preciso mostrar que Brasília apenas sedia o Ministério do Turismo. Não é, portanto, o celeiro de tarrafas onde sobejam garoupas.

Enfim, vale lembrar que Brasília é alegria, cor, vibração, alto astral. Pastel de vento, diria Vanzolini (e não HD) é coisa para chinês entender.

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