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Lula empacou

Hegemonia de poder é prazer somente de reis e déspotas

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Sonja Tavares - Foto Ricardo Stuckert/ABr

Sob todos os pontos de vista, o que sabidamente era ruim terminou de maneira tenebrosa. O que para muitos era algo mais ou menos e para outros uma esperança tardia, ainda não mostrou ao povo que o bancou com quantos paus se faz uma canoa firme, forte e incapaz de naufragar com qualquer ventinho. Embora tenha discursos progressistas e verdadeiramente democráticos, o governo da confiança, do crédito e da aglutinação claudica e busca oxigênio onde parece haver somente fumaça de boas e promissoras propostas. A verdade é que, a administração em curso chega próximo à metade do caminho da forma como começou.

O governo de Luiz Inácio não é um cavalo chucro como aquele jumento sem arreios que não se imagina fora do páreo. No entanto, empacado como uma mula, perde mais tempo negociando do que produzindo soluções contra as principais mazelas do país. Está na hora de ligar o Modo Turbo, antes do próximo paredão. Enquanto a fome, a miséria, o desemprego, a insegurança e a impunidade criam lastros preocupantes, a preocupação de nossas autoridades, incluindo o Legislativo e o Judiciário, é medir forças. Oprimida e desesperançosa, a sociedade clama pelo fim das briguinhas de comadres.

A máxima de cada macaco no seu galho deve ser preservada, sob pena de todos serem obrigados a futuramente dividir o mesmo buraco. Do alto de minha ignorância política, acredito que Lula da Silva sofre numerosas intercorrências políticas. São elas que o impedem de nadar a favor da maré criada a partir da insolvência pessoal, partidária e política de seu antecessor. Econômica, social e politicamente, a fase continua propícia. Também são favoráveis a ajuda de Deus e o incontestável apoio dos que não toleram mais qualquer simulação de arbítrio.

Então, além de cortar a própria carne, o que falta para que os erros políticos sejam amenizados e não saiam do controle? Com o devido respeito, falta ao chefe do governo se certificar de que todos os seus auxiliares e, sobretudo, seus interlocutores do Legislativo querem trabalhar pelo país ou se estão interessados somente em vantagens pessoais. Estrilar, botar o pau na mesa e nominar os criadores de dificuldades não levará o Brasil a experimentar caos maior do que já experimenta. Ou seja, parafraseando aquele deputado cuja trajetória é uma incógnita, pior do que está não fica. Vale lembrar a todos, particularmente aos que só buscam facilidades, que em algum momento a vida e a urna cobram.

Posso achar prematuro, mas é impossível não concordar com o ex-ministro José Dirceu, para quem é necessário se criar condições para a retomada do desenvolvimento econômico e social, “interrompido pelos seis anos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro”. Segundo Dirceu, o Brasil ainda não alcançou a independência econômica. Sem ela, é difícil se pensar em um projeto de desenvolvimento nacional. Portanto, seja Lula ou alguém que priorize o país, devemos trabalhar contra o atraso. Triste do ser humano que nasce, cresce e vive para destruir o que o outro construiu, disse, leu ou escreveu. Ainda que oriundos de mandiocas diferentes, somos farinha do mesmo saco.

Por isso, para mim é difícil entender por que determinados segmentos da sociedade querem obrigar a que pensemos como eles ou que façamos o que determinam. Independentemente do sistema de governo, o Brasil é uma democracia e como tal deveria ser pensada pelo Legislativo. Ganhar sempre também é perder. A hegemonia do poder só interessa aos reis e aos déspotas. O tempo se encarregará de mostrar os erros ou acertos de nossas escolhas. E, para nossa sorte, o tempo não esconde nada de ninguém. Os ruins passarão e nós, os defensores das boas ações e dos gestos humanitários, passarinhos…

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