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Apague essa ideia

Heil, Bolsonaro! Deutschland über alles não é assim

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José Seabra, Diretor-Editor

Francisco Manuel da Silva compôs um dos hinos mais completos entre todos os países. Fala do Brasil, uma pátria amada. E seus versos não podem ser alterados, à revelia do povo, ao gosto de quem chega ao poder. Todo adulto, que é sinônimo de um jovem que deu certo, sabe disso. E entre esses adultos estão generais de duas, três e quatro estrelas.

Também é sabido por esses adultos, que “Brasil acima de tudo”, slogan de Jair Bolsonaro desde a sua vitoriosa campanha em 2018, é idêntico a “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo) utilizado pelos nazistas, e que foi suprimido do hino nacional alemão após a Segunda Guerra. Para o povo daquela então dividida nação, era vergonhoso entoar o hino adulterado por Adolf Hitler.

Hoje, com gestos, falas e atos atabalhoados, Bolsonaro parece procurar uma Leni Riefenstahl para chamar de sua. É que, adultos que têm uma bagagem de vida carregada nas costas já curvas, sabem que o cenário e os figurantes para a filmagem de “O Triunfo da Vontade dos Trópicos” já está montado. E a ter sucesso o apelo presidencial, dia 15 de março haverá uma multidão em catarse louvando a figura do líder com o apoio de militares que ocupam gabinetes palacianos que não se reflete nos quartéis.

A convocação, por meio das redes sociais, tem como pauta supostamente o apoio ao presidente e ao general Augusto Heleno. Circulam, acredita-se que sem prévia anuência, imagens de outros generais que “aguardam as ordens do povo” para um “Fora Maia e Alcolumbre”. A assinatura, tipo carimbo que a água por certo apagará para evitar que a terra se molhe de sangue, é de “todos os movimentos patriotas e conservadores”.

Se isso não é conclamação para fechar as duas Casas legislativas e Bolsonaro passar a governar com poderes absolutos apoiado por uma junta militar, as definições de golpe foram atualizadas. E quem for contra é logo chamado de petista. É como se o português fosse expurgado e passássemos a falar o mandarim, o russo ou – por imposição do Messias – o aramaico. Tudo, menos a língua de Camões.

Quem chega à idade adulta, sabe e precisa mostrar aos jovens que hoje engatinham na história que O Triunfo da Vontade (Triumph des Willens, Alemanha, 1935, de Leni Riefenstahl) é um documentário banido na Alemanha que retrata o Sexto Comício de Nuremberg do Partido Nazista, contando com mais de 30 mil participantes em puro êxtase.

Como se ouve lá em Berlim, Hitler wurde aus der geschichte gestrichen.

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