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Pensar errado

Humanidade sente medo de um mundo imaginário…

Publicado

Autor/Imagem:
Tania Miranda - Foto Francisco Filipino

Muito do que somos é apenas aquilo que imaginamos. Criamos muros em nossa volta, não para nos proteger, mas para que o mundo externo não tenha acesso à nossa alma. Afinal, o medo nos domina completamente, desde que aqui chegamos até o momento de nossa partida…

É estranho pensar assim… não percebemos que estamos sempre na defensiva, mesmo nos momentos em que, aparentemente, relaxamos…

Mas a verdade é que estamos sempre preocupadas com alguma coisa… sempre haverá algo fora do lugar, e a necessidade de deixar tudo nos trilhos, como se fala, é urgente… ao menos para nós. Muitos dos problemas que queremos resolver existem apenas em nossa cabeça, o mundo nem mesmo percebe nossa aflição… na verdade, nem mesmo nós percebemos, até o momento em que sentimos a urgência em deixar tudo arrumadinho, como se fosse a coisa mais importante do mundo… bem, para nós, realmente é…

Vivemos sempre em função dos outros, mesmo quando passamos a imagem de narcisistas, dominadoras. Uma pessoa que tenta estar sempre em evidência está projetando uma falsa imagem sua a para aqueles que estão ao seu redor… sim, ela quer ser notada, deseja que percebam o quanto é esperta, linda, maravilhosa… mas percebe que tudo isso é apenas uma fachada? Essa pessoa, na realidade, não é auto suficiente… precisa de uma plateia para satisfazer seu ego… se estiver só, sem ninguém que possa confirmar sua supremacia, ela deixa de existir…

Dificilmente você se faz bonita apenas para seu bel-prazer… mesmo quando diz, com todas as letras, que aquele vestido lindo que está usando é porque assim o quis, essa não a verdade completa… afinal, a menos que seu caminho esteja cercado de espelhos, a única pessoa que não pode, por mais que deseje, apreciar a forma como você se arrumou é você mesma… apenas as outras poderão fazer um julgamento de seu bom gosto… ou seja, você está sempre se sujeitando ao que os outros acham bonito ou feio…

Quando resolve fazer parte de um grupo e começa a portar-se como os demais membros deste, mais que criar uma identidade, você deseja ardentemente ser notada por seus iguais… que não são tão iguais assim, na realidade…

Não importa o que você faz… nunca é para você… é sempre para os outros apreciarem. Como diz o ditado, “falem mal, mas falem de mim”… afinal, quem não é visto não é lembrado, não é mesmo? E apesar dessa necessidade inerente de ser vista, de ser notada, o medo do desconhecido não te abandona nem por um segundo, enquanto nesse plano estiver caminhando…

Ao caminhar por um local isolado e de repente perceber alguém vindo em sua direção, seu coração começa a disparar… é seu instinto de preservação gritando para tomar cuidado… em sua imaginação aquele desconhecido representa perigo… e noventa e nove por cento das vezes esse perigo não existe…

Seu medo será maior se a pessoa em questão corresponder aos seus preconceitos quanto a periculosidade…se for à noite por exemplo, numa rua mal iluminada, e a forma de andar, o jeito de se vestir corresponder àquilo que você considera perigoso… bem, suas pernas amolecerão. Você continuará a caminhar, mas se pudesse, ficaria invisível aos olhos de quem se aproxima… e, olha só o absurdo da situação… a outra pessoa também está com medo de você…

Como disse alguém certa vez… não somos uma ilha isolada… dependemos uns dos outros para seguir nossa estrada por esse mundo… sozinhos, nada conseguimos. Juntos, somos mais fortes… mas, para que tal seja possível, devemos deixar nosso medo atávico no mais profundo canto de nossa alma, tentando ver que, por mais que o mundo nos pareça hostil, é tudo fruto de nossa imaginação… e então viveremos em paz não só com nossa alma mas também com aqueles que gravitam ao nosso redor…

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