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Poder da caneta

Ibaneis exonera aliados da oposição e mostra que confiança tem preço

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Autor/Imagem:
João Zisman - Foto Editoria de Artes/IA

O governo Ibaneis Rocha vem demonstrando que não há espaço para a passividade administrativa nem para o costume de dormir com o inimigo em nome da conveniência política. As recentes exonerações publicadas no Diário Oficial revelam uma gestão que prefere agir a assistir, e que faz do instrumento burocrático uma ferramenta de autoridade e coerência.

Os cortes atingem tanto servidores que se alinhavam a grupos rivais quanto nomes que, de maneira mais sutil, vinham flertando com possíveis adversários nas eleições de 2026. O recado é direto: quem atua em favor de outros projetos políticos não pode ocupar posição estratégica dentro da estrutura de governo.

Mas o alcance da caneta vai além dos cargos. Alguns veículos de comunicação também começam a sentir o peso das decisões. O governo considera incoerente sustentar financeiramente, por meio de mídia institucional, empresas e profissionais que utilizam o espaço público para fragilizar a imagem da gestão e, em contrapartida, potencializar as qualidades de adversários declarados. A política de comunicação, entendida como instrumento de transparência e informação, não deve servir de palco para ataques indiretos.

Aliados descrevem o momento como o de uma colheita necessária, em que o governo separa o trigo do joio e reafirma seu controle sobre o próprio terreno. A metáfora do Ceifador, usada por interlocutores próximos, traduz bem a fase atual: método, firmeza e senso de oportunidade.

A analogia encontra eco literário em O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger. No romance, o protagonista tenta proteger os inocentes à beira do precipício. No campo político, o governo Ibaneis Rocha age para proteger seu espaço de quem insiste em testar os limites da lealdade.

Com a proximidade do calendário eleitoral, o governo parece ter abandonado de vez a ideia de conciliação artificial. As medidas recentes indicam uma estratégia de blindagem que combina disciplina administrativa com pragmatismo político. Cada exoneração e cada ajuste de contrato são interpretados como parte de uma reorganização de forças voltada para o fortalecimento da base e a neutralização dos ruídos internos que possam comprometer o discurso de eficiência e estabilidade.

Ao mesmo tempo, a mensagem endereçada aos que orbitam o poder é clara: fidelidade e resultados caminham juntos. A administração que se apresenta como moderna e técnica não pretende ser refém de alianças frágeis nem de discursos duplos. O Diário Oficial, agora, é também o espelho do comportamento político de quem governa. Nele, cada assinatura tem peso, e cada nome publicado carrega o simbolismo de um governo que prefere o corte à conivência.

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