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O Lado B da Literatura

“In extremis”, obra de Júlia, que lançou pedra fundamental da ABL, mas ficou sem uma cadeira

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Autor/Imagem:
Cassiano Condé - Foto Reproduzida da Internet

A retratada de hoje em O Lado B da Literatura é alguém que, infelizmente, não está na boca do povo. Não está, mas deveria com todas as letras, haja vista ter sido uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Aliás, diante da enorme produção da carioca Júlia Lopes de Almeida, ela era um dos nomes certos para o primeiro quadro de imortais. Mas eis que, aos 45 minutos do segundo tempo, decidiram excluí-la, já que, naquele tempo, achava-se que local de mulher não é na literatura. Em seu lugar, foi escolhido o seu marido, o poeta português Filinto de Almeida.

Júlia nasceu no dia 24 de setembro de 1862 e faleceu na sua cidade natal no dia 30 de maio de 1934. Além da sua vitoriosa carreira como escritora, cronista, teatróloga (ela vendia mais do que o próprio Machado de Assis), foi abolicionista. Já em 1881, aos 18 anos, começa a publicar seus primeiros textos na Gazeta de Campinas, cidade para onde havia se mudado com os pais, ainda menina. Em 1884, passa a escrever para o jornal O País, do Rio de Janeiro, publicando nele por mais de 30 anos, o que demonstra o quanto era lida. Uma verdadeira coqueluche literária.

O primeiro romance de Júlia saiu em O País, em folhetim, que era um tipo de publicação muito popular até então. Apenas como curiosidade, Notibras já publicou alguns autores nesse formato, sendo o primeiro o Eduardo Martínez e, há pouco, o J. Emiliano Cruz. E soube agora pela minha companheira de redação, a Cecília Baumann, a Ceci, que o Gilberto Motta também terá um conto que sairá assim em nosso portal.

Tentaram, durante décadas, apagar o nome de Júlia Lopes de Almeida, que figura entre as figuras mais notáveis da nossa literatura. Escreveu muito de tudo. Seus escritos tratavam de assuntos urgentes, como a abolição, direitos civis, incluindo a emancipação das mulheres.

Entre tantos textos que li da nossa retratada de hoje, foi difícil escolher um. Após algumas discussões com a Ceci, concordamos que o conto “In extremis” irá causar impacto no leitor.

Fico aqui com meus botões imaginando se, mesmo hoje, Júlia Lopes de Almeida teria a sua merecida vaga na ABL. Será?

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Cassiano Condé, 81, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.

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