Fascismo enrustido
Infâmia dá as caras quando a violência atinge os entregadores
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Nesta semana, como muita gente, eu também me indignei com a notícia do policial penal que atirou no pé de um entregador apenas porque ele se recusou a subir e entregar o lanche na porta do apartamento. É um absurdo que uma situação tão banal tenha terminado em violência. A sensação é de que vivemos em um país onde o desrespeito e a arrogância ainda se impõem contra aqueles que estão apenas tentando trabalhar.
No meu prédio, esse tipo de problema dificilmente aconteceria. A regra do condomínio é clara: entregadores só podem subir quando o objeto a ser entregue não puder ser transportado por uma pessoa sozinha. Para o resto, a retirada acontece na portaria. É simples, objetivo e evita situações de constrangimento.
Infelizmente, agressões contra entregadores não são casos isolados. De tempos em tempos, surge uma nova história de violência ou humilhação. E a gente sabe que há ainda muitos episódios que nem chegam a virar notícia. É como se fosse preciso lembrar o óbvio: entregador também é gente, também é trabalhador, também está apenas tentando ganhar a vida com dignidade.
Tratar mal quem está prestando um serviço é algo infame, inaceitável. O respeito deveria ser a regra, não a exceção. Está mais do que na hora de todo mundo entender que não há hierarquia de valor entre uma pessoa que entrega comida e alguém que recebe. Ambos são cidadãos, ambos trabalham duro, ambos merecem respeito. Afinal, no fundo, estamos todos tentando o mesmo: viver, sustentar nossas famílias e buscar um pouco de tranquilidade em meio ao caos cotidiano.