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Crianças

Introdução alimentar previne doenças e ajuda crescimento

Publicado

Autor/Imagem:
Juliana Carreiro

Já falei sobre o preocupante aumento no percentual de crianças obesas no Brasil e sobre o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados pelos pequenos, que também é bem alarmante. O melhor momento para se promover uma rotina alimentar equilibrada, que irá prevenir esta e tantas outras doenças, é a introdução alimentar. O que é ou deixa de ser oferecido nos primeiros meses de contato com os alimentos irá determinar o paladar da criança, seus gostos e preferências, e irá guiar o funcionamento do seu organismo pelo resto da sua vida.

Há diversas maneiras de apresentar os bebês ao mundo dos alimentos sólidos. O que tem sido mais falado na internet é o BLW, criado pela agente de saúde inglesa, Gill Rapley, autora do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby to Love Good Food (Desmame Guiado pelo Bebê: Ajudando seu Filho a Amar Boa Comida). O método, que segundo ela, já vem sendo praticado há muitos anos pelos pais, de forma instintiva, resume-se em colocar o bebê para fazer as refeições junto com a família e deixá-lo pegar, segurar e comer sozinho alimentos sólidos, como cenoura, chuchu, brócolis e couve-flor cozidos e em pedaços, assim como representantes de todos os outros grupos alimentares.

Um estudo recente publicado por um jornal inglês revelou que bebês alimentados com o BLW têm menos risco de se tornarem obesos porque aprendem a identificar quando estão saciados. De acordo com a criadora da expressão, as papinhas tradicionais são ingeridas muito rapidamente por não precisarem de mastigação e o bebê pode não notar que já está satisfeito. Dessa forma, a comida ocuparia o lugar do leite materno, que deve continuar a ser oferecido em livre demanda, porque é a opção mais completa para o bebê. No caso do BLW são eles que escolhem a quantidade de alimentos que irão ingerir, normalmente respeitando o espaço do leite materno.

Para as famílias que querem aderir a esta opção talvez seja preciso um pouco de paciência, pois as refeições podem levar mais tempo e gerar mais ‘bagunça’. Mas para os pequenos é uma oportunidade de criar uma relação mais próxima com os alimentos. Este primeiro contato com a comida é uma experiência multisensorial, eles vão querer tocar, cheirar, amassar, morder, são atos instintivos e naturais. Mais do que quando temos apenas que abrir a boca e aceitar algo que nos impõem e que ainda não conhecemos. Mas já que moramos no Brasil e estamos falando de um método inglês, talvez seja bom fazer alguns ajustes para a nossa realidade. Por lá eles não têm o hábito de comer o poderoso arroz com feijão. A dupla é muito indicada para os pequenos porque, entre outras razões, tem uma quantidade muito boa de proteínas, enquanto as de origem animal são de difícil mastigação nessa fase. Já que pode ser difícil disponibilizar esses alimentos para que sejam comidos com as mãos, vale o bom senso, e os pais podem ajudar os bebês a se alimentarem com algumas colheradas de arroz com feijão, por exemplo. Não é necessário seguir o método de forma radical e vale a observação sobre a forma como o seu bebê se alimenta melhor, que deve variar entre eles.

Mais importante do que o método que será utilizado é a qualidade dos alimentos que serão oferecidos. É fundamental seguir as recomendações das Sociedades de Pediatria do que se deve evitar nos primeiros meses e anos de vida. O excesso de sal e de açúcar, por exemplo, irá fazer com que o paladar fique prejudicado e só reconheça os sabores mais fortes ou mais açucarados, deixando de lado as nuances de amargo e azedo de muito alimentos naturais, como algumas frutas e verduras. Isso vai fazer com que as crianças passem a rejeitar esses alimentos, que são essenciais para o seu desenvolvimento. Acima de tudo, devemos ser muito radicais em não permitir que eles tenham contato com os ultraprocessados, o que infelizmente não tem acontecido por aqui. Entre os mais consumidos pelos bebês estão os sucos industrializados, cheios de açúcar, e as fórmulas infantis de leite de vaca com farinha. Nos meses da introdução alimentar, os bebês têm uma necessidade de nutrientes muito alta e, por outro lado, têm pouco espaço no estômago, se ele for preenchido por calorias vazias, como as dos ultraprocessados, não restará lugar para os alimentos de verdade, que contêm nutrientes. Além disso, os aditivos químicos e o excesso de glúten, de leite de vaca e de açúcar poderão causar processos inflamatórios, que irão gerar sintomas e doenças que acompanharão os pequenos pelos anos que se seguirem.

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