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Aiatolás irados

Israel pressiona Trump a acabar acordo nuclear com o Irã

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Claudia Trevisan

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) se transformou em um território de disputa em torno do acordo sobre o programa nuclear do Irã. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pressionou o anfitrião Donald Trump a abandonar ou modificar o pacto, enquanto o presidente iraniano, Hassan Rouhani, declarou que uma decisão nesse sentido imporia um “elevado custo” para os Estados Unidos.

“Vocês saberão muito em breve”, respondeu Trump, nesta segunda-feira, quando perguntado por jornalistas se manteria Washington no acordo. No dia 15 de outubro, seu governo terá de decidir se envia ao Congresso um documento periódico que certifica o cumprimento dos compromissos do Irã previstos no documento, adotado em 2015 por Estados Unidos, China, Rússia, França, Inglaterra, Alemanha e a república islâmica.

Caso a certificação não seja dada, o Congresso terá 60 dias para decidir se restaura sanções que foram levantadas em troca de compromissos do Irã de suspender aspectos de seu programa nuclear.

Apesar de a Agência Internacional de Energia Atômica ter informado que Teerã respeita os termos do documento, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, afirmou que Washington poderá se negar a conceder a certificação. Trump é um crítico da negociação promovida por seu antecessor, à qual costuma se referir como um dos “piores acordos” que já viu.

O assunto esteve no topo da agenda de reunião bilateral entre o republicano e o premiê de Israel realizada em Nova York. “Eu espero discutir como nós podemos enfrentar juntos o que você chama de maneira apropriada de o terrível acordo nuclear com o Irã e como podemos reduzir a crescente agressão iraniana na região, especialmente na Síria”, afirmou Netanyahu no início do encontro com o americano. Teerã é um dos principais aliados externos do ditador sírio, Bashar al Assad. Trump deverá abordar a questão no discurso que fará nesta terça-feira na Assembleia Geral da ONU, seu primeiro no organismo que é alvo frequente de suas críticas.

Em entrevista à rede de TV CNN, Rouhani observou que o eventual abandono do acordo reduzirá a credibilidade internacional dos EUA. “Por que os norte-coreanos gastariam seu tempo para sentar ao redor de uma mesa de diálogo com os Estados Unidos?”, perguntou. “Eles pensariam que talvez depois de anos de conversas e um acordo potencial a próxima administração dos EUA poderia recuar e se retirar do acordo.”

Em sua opinião, isso prejudicaria outras iniciativas semelhantes de Washington. “Sair de um acordo desse tipo carregaria um elevado custo para os Estados Unidos da América e eu não acredito que os americanos estarão dispostos a pagar esse alto preço por algo que não teria utilidade para eles”, comentou Rouhani. O presidente iraniano disse, ainda, que seu país responderá rapidamente a um eventual agravamento da tensão com Washington.

Os dois lados terão chance de abordar diretamente suas diferenças na quarta-feira, quando o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, se encontrará pela primeira vez com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif. Ambos participarão de encontro de chanceleres dos países que assinaram o acordo.

A França pediu ontem que os EUA permaneçam no tratado. “Isso é essencial para evitar a proliferação (nuclear). Nesse período quando nós vemos os riscos com a Coreia do Norte, nós temos de manter essa linha”, declarou o ministro de Relações Exteriores do país, Jean-Yves Le Drian. De acordo com ele, a França tentará convencer Trump a manter os compromissos, ainda que isso implique a renegociação de seus termos em 2025, quando termina o primeiro período de sua implementação.

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