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Nabucodonosor e Amytis

Jardins da Babilônia povoam mente de Malu

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto Domínio Público/Reprodução WikimediaCommons

Malu, do alto dos seus 11 anos, é uma menina curiosa por natureza. Seus olhos costumam brilhar com o mundo ao seu redor, e seu coração pulsa com o desejo de descobrir coisas novas. Há poucos dias, meu celular, cochilando na cabeceira da cama, movimentou-se vibrando ligeiramente em minha direção, como um alarme que soasse para acordar-me.

A chamada era de vídeo. O ato de atender fez gigante na tela o sorriso gracioso de minha neta. A ligação não era para conversar amenidades – adjetivo feminino que, creio, não faça parte do vocabulário cotidiano dela.

Nesse dia, Malu queria falar sobre Nabucodonosor II. Teria sido ele assírio, babilônico ou de outra nacionalidade? Tratava-se de uma questão da prova, horas antes, tipo, conforme as palavras dela, ‘pegadinha’. Começamos a entabular um ‘papo’ sobre história Universal, dos tempos em que a língua portuguesa abrasileirada sequer existia.

No telefonema, Malu viu-se em plena sala de aula. Entediada – entendi a manifestação dela -, com a monotonia das lições de matemática. Foi quando ela debruçou-se aleatoriamente sobre outro livro. A partir daí, algo fez a mente dela brilhar com a intensidade dos raios do Sol. “Vô, algo mágico”.

Transportei-me, então, para a mesma sala de aula. Vi que enquanto folheava um de seus livros escolares, Malu deparou-se com uma imagem intrigante: os Jardins Suspensos da Babilônia. Ela, se antes ouvira falar algo a respeito, por certo não memorizara fato e imagem tão maravilhosos!

Malu mergulhou na descrição, devorando cada palavra, cada detalhe. Os jardins planejados por Nabucodonosor II pareciam ter saído de um conto de fadas, com suas plantas exóticas e a beleza exuberante.

A professora, notando o brilho nos olhos de Malu, sorriu e decidiu aproveitar aquele momento para despertar ainda mais a curiosidade de minha neta. Contando uma história sobre a História, a educadora abordou o que estava por trás dos Jardins da Babilônia, descrevendo como eram considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. E tudo para que o poderoso imperador agradasse sua esposa, Amytis, que sentia falta das montanhas e dos jardins de sua terra natal.

Malu ficou encantada com a história, imaginando-se caminhando entre as plantas perfumadas e os riachos sinuosos. Ela mal podia acreditar que algo tão magnífico existira de fato.

Naquela tarde, quando chegou em casa, Malu ligou seu notebook para procurar por mais informações sobre os Jardins da Babilônia. Porém, recuou. Com um telefonema para o ‘vô’, mataria dois coelhos com uma cajadada: arrefeceria as saudades provocadas pela distância e teria – assim ela entendeu – respostas para muitas perguntas exigidas por sua aguçada mente.

Nossa conversa foi preenchida com a paixão de Malu por aprender mais e mais sobre os Jardins Suspensos. Ela descreveu esboços de como imaginava os jardins, criou maquetes fictícias com plantas paradisíacas e chegou mesmo a imaginar-se como uma princesa perdida entre as passagens secretas e os labirintos verdejantes da Babilônia.

O tema tornou-se mais do que apenas uma descoberta nos livros escolares para Malu. Os jardins, observei em seu tom de voz e no sorriso cada vez mais cativante, tornaram-se uma fonte de inspiração, alimentando sua imaginação e seu desejo insaciável por conhecimento.

Ao final do telefonema, compreendi que embora os jardins tenham desaparecido há mais de dois mil anos, seu legado vive através da admiração de Malu. Dela e de todos os que ousam sonhar com maravilhas perdidas no tempo.

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