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Caça livre

Javali, de prato exótico a ceia no Natal mais popular

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Giovana Girardi

Papai Noel, Papai Noel!”, comemorava o rapaz na motocicleta, enquanto andava pela estradinha de terra na região de Barretos, a 420 km de São Paulo, equilibrando na sua frente dois cachorros perdigueiros e na garupa, um javali. O animal invasor que se espalhou pelo País em sua versão original e em híbridos, como o javaporco, é o único que tem a caça autorizada no Brasil. E vai “fazer” a ceia de Natal de muitas famílias.

O que por um lado é um drama ambiental de dimensões inéditas para uma espécie invasora – o bicho já foi registrado em 563 municípios brasileiros e em 11 Estados mais o Distrito Federal, além de estar presente em 45 unidades de conservação -, por outro virou a diversão de muita gente que se ressentia da proibição geral da caça esportiva. “Sempre foi tradição na minha família. Desde o meu bisavô, meu tataravô. Caçar regularizado é a melhor coisa”, conta o estudante de Zootecnia Luiz Fernando Gomes, que já tinha separado uma fêmea para a ceia com a família

Acompanhando o pai nas caçadas desde que tinha 9 anos, ele chega, às vezes, a sair ao longo da semana inteira em “rodadas” – ações noturnas em que os caçadores circulam por dentro de plantações atrás do bicho, que se alimenta à noite – e com cachorros durante o dia, quando os porcos estão menos ativos e escondidos na mata ou no meio do canavial e só são detectados pelo faro dos perdigueiros.

A diversão, no entanto, se apressa a dizer, é só consequência de um importante trabalho de controle da praga na agricultura. “Um vizinho que planta laranja implora para eu ir lá. Pode caçar todo dia, o ano inteiro, e a gente não consegue acabar com o bicho”, afirma Gomes, sobre uma fazenda em Colina. Relatos assim existem por todo lado não apenas no interior de São Paulo, mas em todo o centro-sul do Brasil, com suspeitas sendo investigadas no Norte e no Nordeste.

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