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Fraude é desculpa de perdedor

Jobim fala claro e cala claque do voto impresso

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Armando Cardoso - Especial para Notibras

Ex-deputado federal por dois mandatos e ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Nelson de Azevedo Jobim não é grande apenas no tamanho, mas principalmente como defensor do que ou quem é atacado sistemática e despudoramente sem provas. Refiro-me especificamente ao sistema brasileiro de votação, cuja vedete é a urna eletrônica. Jobim não participou da criação da maquininha de votar, mas inquestionavelmente sempre foi um entusiasta do equipamento e hoje é considerado seu principal protetor. Disposto a salvar a Justiça Eleitoral da sanha de grupos que cobram a impressão do voto, o ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral não tem medo de afirmar que só quem perde eleições é que alega fraudes. Com meia dúzia de frases, Jobim calou a chata ladainha da auditagem do voto.

Consciente e seguro do que diria à comissão especial que analisa a PEC do voto impresso, da qual participou como convidado, Jobim parece ter surpreendido os defensores da proposta ao criticá-la pública e sonoramente. “Não encontro fórmulas de fraude em urnas eletrônicas. Os candidatos derrotados normalmente alegam que a derrota foi em decorrência de fraude e não uma decisão dos eleitores”, ironizou Jobim, deixando claro não ser coerente que pessoas eleitas possam desconfiar do sistema que as elegeu. Obviamente que a reação foi um contraponto ao lenga-lenga de Jair Bolsonaro, que, sem prova alguma, diz quase diariamente que foi “roubado” nas eleições de 2018.

Faz dois anos e cinco meses o presidente afirma que venceu o pleito ainda no primeiro turno. Pode ser. Mas como explicar o sumiço dos ladrões no segundo turno? Será que eles mudaram de lado? Acima de todos, só Deus para responder. Longe da divindade, o Nelson Jobim da semana passada é o mesmo que presidiu as eleições de 2002 e da convocação de 2010, quando circulou novamente foi obrigado a circular pelo Congresso Nacional em defesa da inofensiva urna eletrônica, cuja única insegurança é permitir que os cerca de 150 milhões de eleitores escolham representantes despreparados para Legislativo e Executivo.

Aos que insistem na cantilena de tornar obrigatório o uso de cédulas físicas para eleições, plebiscitos e referendos, o sempre ministro do TSE dá a mesma resposta: “O sistema eletrônico brasileiro é transparente e está acessível a todos”. Para quem sabe ler e tem boa audição, não precisa frases rebuscadas, auxílio da matemática ou acentuação tônica. A tese e a regra são claras: não há necessidade de auditagem do voto e ponto. O que Jobim nem precisou dizer é que o Brasil, quinto maior país do mundo em termos populacionais, tem um dos mais modernos sistemas de votação, com mecanismos eletrônicos de coleta e aferição de votos que são, a um só tempo, rápidos e confiáveis.

Devido a essa tecnologia, o país é um dos poucos a anunciar, sem fraudes, resultados de eleições poucas horas após o encerramento da votação. O processo brasileiro foi – e é – uma referência internacional, atraindo o interesse de diversas nações, que, na prática, buscam conhecer e aproveitar da experiência tupiniquim. Essa cooperação resultou no empréstimo de urnas para países como República Dominicana, Costa Rica, Panamá, Equador, Argentina, Guiné-Bissau, Haiti e México, que a utilizaram em projetos-piloto. O Paraguai empregou as urnas eletrônicas brasileiras em suas eleições de 2001, 2003, 2004 e 2006. Portanto, não será a mentirinha de um candidato que vê a vitória escorrendo pelo ralo que vai alterar o quadro. Como diz o presidente do TSE, ministro Roberto Barroso, haverá eleição em 2022 e sem o voto impresso.

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