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Jornais montam sucursais lá no Céu

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José Escarlate

Os comitês de imprensa da Câmara e do Senado estão montando uma grande representação lá no céu. Aqui vai ficando apenas um pequeno núcleo de velhos repórteres.A cada dia, um novo chamamento. Desta vez foi o Rangel Cavalcanti, amigo de longa data, companheiro de muitas etapas da vida e um texto fantástico, fácil e agradável de ler. Rangel Cavalcanti enfrentava longo tratamento contra um câncer de próstata. Não resistiu. Era repórter do Correio Braziliense quando andei por lá, em 1970. Aliás, naquela época o Correio tinha o maior elenco de cearenses da cidade.

Foi o Rangel quem me indicou o Rodolfo Espínola para comandar a sucursal da EBN em Fortaleza. À época, ele era correspondente do jornal o Estado de S. Paulo. Excelente jornalista, por dentro de tudo, eu tratava o Rodolfo por Pinzón, já que ele defendia a tese que o Brasil fora descoberto pelo espanhol Vicente Yañes Pinzón, que desembarcou na Ponta do Mucuripe, em janeiro de 1500. Em Cabo Santo Agostinho, Pernambuco, as crianças aprendem que foi o espanhol Vicente Yañes Pinzón quem descobriu o Brasil. O tema é polêmico.

Na Espanha, Vicente Pinzón é festejado por descobrir as duas Américas: a do Norte, com Colombo, em 1492, no comando da Nina e, oito anos depois, a do Sul, em 1500, com a mesma embarcação, quando atingiu a Ponta do Mucuripe. Hoje Rodolfo Espínola está no céu, defendendo a sua tese, já agora ao lado do amigo Rangel Cavalcanti, que era colunista do jornal Diário do Nordeste. Sempre alegre, divertido e contador de bons “causos, Rangel pegava firme. Tinha a pena pesada. Lembrava que “na Roma antiga, berço do nosso direito civil, havia dois direitos – o Jus Civile, que se aplicava aos cidadãos romanos, a gente fina, e o Jus Gentium, que envolvia os demais, como a plebe, os escravos”. Esses dois direitos, com duas legislações diferentes, aqui foram transformados em um só.

Cita casos, entre eles, o de um ministro de tribunal superior flagrado recebendo gordas propinas de contraventores em troca de liminares. Rangel diz que “ele foi “punido” com a aposentadoria, e vai receber vencimentos de mais de 25 mil mensais, pelo resto da vida, sem trabalhar. O outro, é o do policial rodoviário federal Ednaldo Mascarenhas dos Santos, que recebeu uma propina de uns cem reais e foi demitido a bem do serviço público, sem direito a nada. Está passando necessidades com a família”. Na Roma antiga, chamavam a isso ” jus civile e jus gentium”. Assim era Rangel Cavalcanti. A cada dia sinto o chão faltar. Mais e mais.

PV

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